quinta-feira, 13 de setembro de 2012

TRADIÇÃO E INVENÇÃO EM MACUNAÍMA de Mário de Andrade


TRADIÇÃO E INVENÇÃO EM MACUNAÍMA de Mário de Andrade

 

(Maria Augusta Fonseca)

 

Obra literária de Mario de Andrade, MACUNAÍMA o herói  sem nenhum caráter, considerou-se a profundidade de suas marcas expressivas, a abrangência da pesquisa  que anima a obra e o complexo processo construtivo que permeia a organização deste rapsódio (qualidade humana:deuses, animais...)

Esta obra, visava dar visibilidade aos escritores do Movimento Modernista (cuja rubrica ainda é a Semana de arte Moderna), realizada em 1922 na cidade de São Paulo).

Este movimento passava da natureza estética para a ideológica. E procurava romper com o modelo europeu, passando a valorizar a cultura local, sem desconectar do externo (do que vem de fora).

Cravam em Macunaíma muitas metamorfoses locais vistas como deformações da herança européia (letrata e iletrada) desde o século XVI, por força das mais díspares mesclas, sejam primitivas ameríndias e africanas, ou oriundas de imigrações de tempos mais recentes. Por exemplo, no século XX, a cidade de São Paulo era um grande parque industrial, tendo que buscar mão de obra especializada europeia e de todo o mundo e estes vinham pra cá fugindo da primeira guerra mundial (1914-1918).

Acontecerão grandes mudanças no ritmo provinciano, chamado por Mario de Andrade de Pauliceia desvairada. A maturidade do Movimento Modernista, acontecerá com Macunaíma, que trás todas as culturas e aspectos contraditórios.

As culturas primitivas se misturavam a vida cotidiana e essa qualidade humana de deuses e animais eram objeto de estudo para os modernistas. O Movimento Modernista foi o preparador de um estado de espírito nacional.

O Brasil era visto pelo autor como “corpo espandongado, mal costurado que não tem direito de se apresentar como pátria porque não representando nenhuma entidade real de qualquer caráter que seja nem racial, nem nacional, nem siquer sociológica é um aborto desumano e anti-humano”.

Macunaíma seria entender a partir de um olhar critico a diferença entre a linguagem dos primogênitos com os segundos filhos. Portugal-Brasil, e este último se distância do 1º, ou seja, do modelo original.

  Macunaíma é uma proposta literária de cunho antropofágico. O mito escolhido por Mário de Andrade foi o indígena caraíba, no extremo Norte em Rondônia, embora ele considere todas as outras fronteiras. Mesmo num lugar diverso e num tempo anterior ao da cultura europeia instalada no Novo Mundo.

O que ele considerou foi o caráter oscilante entre o mito caraíba e a forma de ser do brasileiro. Macunaíma era um ser multiculturalista.

Ele chega a cidade trazendo sua canoa cheia de cacau para trocar por dinheiro e gastar com as mulheres.

Macunaíma esperto como é vai percebendo o valor da escrita, percebe que falam de um jeito e escrevem de outro.

Mas ele, sem conseguir se ajustar as regras do mundo e do dinheiro, será arrancado de sua identidade. E assim, pobre e doente, opta por voltar as origens. Leva algumas lembranças. Mas os irmãos morrem no retorno.

Ele quer recobrar a consciência, mas ela foi comida pelas formigas (saúvas). Ele pega a consciência de um hispano americano e acaba se dando bem. E é atraído pela Uiara (mãe das águas). Com calor entra no lago e sua perna é devorada por piranhas. O mito solar tem pena dele, mas desconsolado com a terra, decide ir para o céu.

O livro fala também sobre a moda urbana-rural, e na moda, a indecisão da linha, da evolução harmônica, a moleza de movimento a tornam eminentemente vaga, improvisatória, quase oratória. O narrador de Macunaíma é um rapsodo (ouvir, assimilar, transformar) que ponteia na violinha e espalha pelo mundo a história que ouviu de um papagaio, assimilou e transformou.

Mario de Andrade vai delineando um problema mais abrangente que aflige o artista, tensionado entre o primitivo e o moderno, frente a padrões que se transformam, conforme o cenário da época. Ele usa o termo “somos os primitivos de uma nova era”. Segundo ele “o mundo civilizado é arrítmico e a cultura é rítmica”, e assim ele caracteriza a arte moderna como rítmica, por ser a expressão de um mundo primitivo que é rítmico e portanto cultural. Então, para ele a arte moderna prolonga um ritmo cultural.

 

 

 

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