segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Livro

"Livros não mudam o mundo.
Quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas."
Mario Quintana.
Quem Lê nunca esta só.
H.Simone.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Conto - A vocação

A VOCAÇÃO

(Pseudônimo do autor: AURORA)
Filho de Manoel Martins Arraes e Aurora Andrade, nasci em 1928 na cidade de Cocalzinho no interior do Ceará , ano de crise que já se anunciara ainda em 1927 onde a economia norte-americana vinha experimentando um boom artificial, alimentado por grandes movimentos especulativos nas bolsas e pela supervalorização de ações, e por uma queda generalizada nos preços agrícolas internacionais. O fator mais marcante deste período foi, a crise financeira detonada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque.
Em 24 de outubro de 1929 - a chamada "quinta-feira negra", um movimento generalizado de vendas levou à brusca queda nos preços das ações e ao pânico da sociedade. Até o final daquele mês, seguiram-se novas vendas maciças e novas derrubadas de preços, acompanhadas por uma crise bancária e uma onda de falências.
Nessa época os Estados Unidos já ocupavam uma posição hegemônica na economia capitalista mundial, como maior potência industrial e financeira, este fato foi determinante para que a crise assumisse proporções mundiais. Tendo severos efeitos na América Latina, cuja economia agroexportadora foi altamente afetada pela retração nos investimentos estrangeiros e a redução das exportações de matérias-primas.
O Brasil passava pela famosa crise do café, que fez parte da história de tantas famílias paulistas que sofreram duras conseqüências desde 1920, devido ao contínuo, descontrolado e excessivo aumento da produção, cuja safra chegava a espantosos 21 milhões de sacas para um consumo mundial de 22 milhões. Em Outubro de 1929 os fazendeiros ainda estavam exportando a safra de 1927 e a safra de 1928 estava toda ela retida nos armazéns de valorização de café.
Filho muito amado, de um Lar numeroso, onde éramos 13 irmãos. E eu, era exatamente o do meio, seis antes e seis depois de mim. Embora fossemos muitos, nunca nos faltou o carinho pessoal de nossos pais, assim como tudo o que precisávamos para uma vida digna, harmoniosa e sem grandes dificuldades financeiras. Coisa rara em nossa região, devido as secas que assolavam nossos territórios de tempo em tempo.
Com certas dificuldades meu pai, pessoa muito severa e rigorosa, conseguiu burlar a crise, pela qual passava todo nosso país, e manteve nossa pequena fazenda, situada em local privilegiado, e com o trabalho de todos em nossa casa.
Com o passar dos anos e o trabalho de meus pais, nossa família foi aumentando. E nós, cientes de nossas responsabilidades para com nossos irmãos menores; não só os de nossa casa, mas de nossos irmãos em Cristo, conforme aprendemos desde muito cedo com mainha, quando em orações, repetíamos uma, ensinada por um Padre da Paraíba Fernando, aos homens do sertão: “ Senhor Deus, nosso Pai, abençoai a nossa Pátria. Defendei o Brasil daqueles que exploram o povo; vendem as nossas riquezas ; plantam nosso arroz e feijão, não para nos alimentar, mas para vende-lo ao exterior, deixando o povo morrer de fome. Senhor Deus, uni-nos na fé, na esperança e na caridade. Daí-nos a vossa luz e o vosso amor para que saibamos escolher – com liberdade e dignidade – os nossos governantes. Senhor Deus, não permitais que este estado de coisas, que anarquiza com a nossa história, continue a vigorar. Precisamos mudar, não como quem domina o povo, mas como quem serve ao povo. Virgem Santíssima, nossa Mãe, que nos destes Jesus Cristo, continuai a ser a Mãe de todos os brasileiros para que, unidos ao vosso divino Filho, possamos dar testemunho de que, na verdade, somos filhos de Deus e verdadeiros membros da sociedade brasileira.”
Somos uma família muito religiosa e temente a Deus, freqüentadores das missas dominicais e cumpridores de nossas obrigações sociais, pois assim papai e mainha nos orientou desde moleques. E eu particularmente, sofria muito ao ver uma família a passar por situações de penúria e grande necessidade.
Em 1946, completei 18 anos, sobrevivi as grandes dificuldades do pós-guerra, anos muito difíceis para todos no mundo inteiro. Terminara a guerra, e os Estados Unidos emergiam do conflito não apenas como a principal nação vitoriosa, mas também com a hegemonia econômica e política internacional consolidada.
Em face da problemática economia internacional dos anos imediatos ao pós-guerra era difícil praticar uma política econômica externa como a proposta.
O Brasil parecia levar em conta as prescrições do recém criado Fundo Monetário Internacional, incompatível com o quadro de dólares escassos, moedas européias inconversíveis e a prática corrente de protecionismo e acordos bilaterais entre os países. Além disto, os Estados Unidos estavam muito mais preocupados com a Europa e sua reconstrução econômica, do que com seu principal aliado da América do Sul. A principal preocupação dos norte-americanos era tornar a Europa economicamente forte, entre outras razões, para conter o avanço do seu principal inimigo do pós-guerra, qual seja, o comunismo.
Decorridos mais dois anos, conheço uma linda garota, filha de um fazendeiro bem abastado da vizinhança. Seu nome eu nunca poderei esquecer, pois apesar de raro em certos lugares, na nossa região era bastante comum, tão comum que era igual ao meu. Valdênia, doce e forte, apesar de sua suavidade, e eu , Jose Valdênio.
Nossos destinos se entrecruzaram naquele momento, e nós começamos a namorar.
Valdênia, era a primogênita de sua família, moça forte e corajosa, ajudava seus pais na lida da fazenda. Cuidando da parte administrativa e burocrática, visto a facilidade que tinha com números e com documentos. Era mesmo uma administradora, e negociava muito bem, os bens que a família lhe confiava.
E assim transcorria nosso namoro, com tranqüilidade, mas com a preocupação especialmente dos pais de Valdênia, a respeito da continuidade e aumento daquele patrimônio.
Eu também me preocupava muito; mas minhas preocupações passavam bem longe de ser as mesmas de meu sogro, ou de minha namorada.
Para mim moço jovem ainda, sentia em meu peito uma angústia muito grande ao me deparar com os imigrantes, empregados da fazenda e principalmente os retirantes, desprovidos de bens, a passar sérias dificuldades. Muitas vezes me peguei envolto daquele povo, dando assistência a aqueles carecidos de tudo.
Passava horas ao lado desse povo, que apesar de carentes financeiramente, tinham uma sabedoria ímpar, que vinha comungar com meus ideais pessoais. Eles eram para mim uma verdadeira inspiração. Ora ou outra eu assistia as reuniões daqueles grupos, e os líderes sempre alertavam os demais dizendo para que não se iludissem e nem se deixassem enganar com promessas ou dinheiro, nem por benefícios ou vantagens que caso os políticos candidatos os fizessem, nem mesmo por empregos, mas para que todos se guiassem pela fé e que fossem unidos, pois assim “teremos força, não para pedir esmolas a governo que não nos quer governar – mas para exigir, daqueles que querem servir ao povo, os caminhos que Jesus deixou para caminharmos neles. Assim Seja”
Transcorridos dois anos de namoro, conforme era de costume, foi realizado nosso noivado. Tudo ia muito bem para todos, menos para mim, que entrava em conflito comigo mesmo, sem decidir com segurança como seria meu futuro. Poderia ser muito interessante, construir minha família, mas como conseguiria depois de casado, continuar dando a mesma assistência às famílias necessitadas?
E vivendo este conflito interior, fui refletindo sobre o assunto.
Certa vez, minha noiva pediu-me que fizesse uma viagem de avião a Paraíba, eu iria como co-piloto de um aviãozinho particular, de meu sogro, e esta viagem era exatamente para que eu pudesse ajudar na compra de novo avião de irrigação para a fazenda.
Chegando em Cajazeiras, o que mais me chamou atenção foram as fortes tradições de linhagem espiritual e cultural, a cidade era considerada como luz, berço da instrução no interior do Estado. Remontou-me a infância, quando mainha nos contava histórias de um certo padre de Patos, Fernando Gomes dos Santos (1910-1995) que iniciou o seminário ali e o concluiu em Roma, retornando a Cajazeira, como padre, e fazendo belos e inspiradores trabalhos sociais, em sua terra natal.
Minha primeira visita foi à Igreja, e lá chegando pude conhecer o Padre que me ouviu em confissão e me orientou. Ali fiquei sabendo também, sobre o seminário da região. Seminário Nossa Senhora Da Assunção cuja Pedra Fundamental foi Benta em Roma, no dia 16 de junho 1950, pelo Santo Padre o Papa Pio XII; Lançamento solene, no dia 22 de agosto de 1950, pelo então Bispo de Cajazeiras Dom Luiz do Amaral Mousinho.
Criada a Diocese em 06 de fevereiro de 1914, pelo Papa São Pio X, através da Bula "Maius Catholicae Religionis Incrementam", e desmembrando-a da Diocese da Paraíba que, nessa mesma data, foi elevada à dignidade de Metrópole. Abarcava inicialmente, toda a região sertaneja deste Estado. Prolongando-se até a serra de Teixeira, e daí pelos limites que separavam a Paróquia de Teixeira das Paróquias de Patos e Piancó até o Estado de Pernambuco.
Parecia que as respostas às muitas perguntas que eu fazia a mim mesmo ao longo de minha vida estavam para ser respondidas. A princípio meu peito parecia que ia explodir de ansiedade e desejos por respostas.
Em orações, pedi para que estas respostas me fossem colocadas à frente, gostaria de não ter mais dúvidas quanto ao que eu queria. Minha ansiedade era tanta, que naquela noite, sonhei com alguém me dizendo: Genesi 12,1. Não me lembrava de mais nada a não ser daquela voz que repetia Gen.12,1. Ao acordar fui imediatamente solicitar do gerente daquele hotel, uma Bíblia para verificar do que se tratava.
E ao abrir, para minha surpresa, lá estava “O Senhor disse a Abraão:Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrar”. Levei um belo de um susto, e disse a mim mesmo, bobagem, foi apenas uma coincidência, então resolvi abri-la, a bel prazer, acreditando que assim, Deus me guiaria a uma resposta. Então abri, e desta vez era Êxodo 3,10 “Vai, eu te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo” o susto foi ainda maior e eu fechei imediatamente aquele Livro, que parecia brincar comigo. Então resolvi tirar a prova, e corajosamente tornei a abrir aquele Livro Sagrado, mas desta vez, uma chama tomava conta de todo o meu ser e me trazia uma tranqüilidade que eu jamais sentira.
Abri novamente a Bíblia imediatamente e veja só, Deus falava mesmo comigo, desta vez ao abrir, fui contemplado com Marcos 10,21 “Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe:Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.” Conforme eu ia lendo aquelas palavras, as lagrimas iam rolando eu meu rosto e uma paz ia tomando conta de todo o meu ser. E uma certeza tomava conta de mim. Eu não mais precisava ter medo.
Então a única coisa que me restava era mandar de volta o avião que me trouxe, com o recado a minha noiva e aos meus pais.
E assim seguir meu novo caminho, agora no Seminário.
Sem mais duvidas em meu coração, mandei o recado junto com uma carta aos meus. Papai, homem de poucas palavras, evitava os verbos; se posicionou com apenas meia palavra “qua”, e mainha entendeu claramente o meu desejo de conhecer aquela manifestação de divindade que me era apresentada; se colocando do meu lado e me apoiando incondicionalmente.
Já no Seminário, comecei meus estudos, fazendo oito anos divididos entre Filosofia e Teologia, além de conhecer cada vez mais a vida dos Santos e daquele que se tornava minha inspiração, e que já se fazia Bispo de Penedo, em Alagoas em 1943 e em 1949 transferido para Aracaju, Dom Fernando Gomes dos Santos atuava no campo social, nas vocações e na Ação Católica, sob a obediência de Pio XI.
Eu já estava a um ano no seminário, a vida lá dentro não era nada fácil. Além de muito estudo, o que mais nos testava à verdadeira vocação era a obediência. Fator de importância ímpar dentro de um seminário. Tínhamos que manter sempre a ordem e a disciplina de tudo, respeitando sempre a hierarquia.
Mas eu não me incomodava com aquilo e me dedicava cada vez mais aos estudos e trabalho no seminário, assim como Dom Fernando, que teve participação ativa na criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), neste ano de 1952.
Em março de 1957, cria-se a Arquidiocese de Goiânia e Dom Fernando, foi designado seu primeiro arcebispo, tomando posse ao cargo em junho deste ano.
Conforme meu aprendizado ia melhorando, mais compadecido eu ficava pelos excluídos, meus irmãos menores e desprovidos. E buscava iluminação naquele que eu considerava meu candeeiro de inspiração.
Quem não ficava nada satisfeito com nossos questionamentos, eram os políticos da região. Raposas velhas, que estão tornando um vício, e que precisamos fazer alguma coisa para mudar este quadro. É preciso respeitar a amizade de nosso povo.
Em 1959 nós concluímos o seminário, e fui ordenado padre, junto com quatro companheiros.
Ao me prostrar ao chão, na cerimônia de ordenação, senti novamente a força o espírito Santo envolvendo minha alma. E agradeci a Deus naquela entrega, por ter me dado a sabedoria de ouvi-lo e deixá-lo conduzir minha vida. Aquele era o meu casamento com Maria, o sim, a Nossa Senhora e eu deveria ser eternamente fiel a Ela e a Deus, através de meus votos.
Continuei meu trabalho como sacerdote, agora em regiões semi-aridas, onde muitas visitas à comunidades eram feitas a pé ou a cavalo. Convidando sempre representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para olhar de perto as políticas públicas que deveriam atender às crianças e aos adolescentes.
No sentido de fazer com que os grupos interfiram na elaboração do Orçamento Público Municipal e acompanhem o processo de discussão e aprovação na Câmara Municipal.
Procurando sempre seguir os exemplos de Dom Fernando, fiz também opção preferencial pelos pobres, através de uma evangelização encarnada na vida e cultura sertaneja, resgatava a dignidade das pessoas, renovando “comunidades, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, formando em santidade o povo de Deus, a partir da Eucaristia, fonte e ápice na vida da Igreja, para que, no Espírito Santo, anuncie, celebre, espere e caminhe rumo ao Reino”.
Com esta atitude ao lado dos excluídos, acabei comprando uma briga ferrenha com os políticos da região, que passaram a me perseguir.
Eu alertava o povo de Deus, que no Reino dos Céus, não havia meio termo, e nada poderia escapar a integridade de um ser, pois nós somos a casa do Espírito Santo, e para ser um bom pastor, era preciso primeiro conhecer a fundo seu povo, reconhecendo a própria voz de cada um de seu rebanho, e não apenas dando presentinhos em épocas de campanhas políticas.
Certa ocasião, em uma visita rotineira (de bicicleta) aos fiéis, sofri um atentado contra minha vida. E por conta deste, tal sua gravidade, fui designado pelo Bispo a ir para Goiás, fazer tratamento de saúde. Era o segundo ano de meu padroado, inicio de 1962.
Mas uma vez, Deus tinha para mim o Seu projeto. Mas esta história eu conto mais tarde, e por conta disto, acabei por realizar meu grande sonho; foi o maior aprendizado de minha vida, fui chamado ao Concílio Vaticano II, eu seria só um acompanhante. E deveria acompanhar nada mais nada menos do que Dom Fernando Gomes dos Santos, o meu grande herói, minha fonte de inspiração durante todos os anos no seminário.

Olha que abraço mais gostoso, quer um?

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Gira Sol e outras flores

Não tenho ambições nem desejos

Ser poeta não é uma ambição minha

É a minha maneira de estar sozinho.





Gira Sol


SABEDORIA DE AVÓ

Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca de casa e, bebendo um cálice de vinho, dizer a minha net@:

- Querid@, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar.

E assim, dizer apontando o indicador para o alto: - O nome disso não é conselho, isso se chama colaboração!

Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte. Por isso, vou colocar mais ou menos assim:

É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.

Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão.

Satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.

Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menin@ ou uma menin@ grande, vai depender só de você.

Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim.

Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália.

Cuide bem dos seus dentes.

Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro. Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito... " Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é imprevisível.

Tenha uma vida rica de vida! Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.

Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.

E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.

Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.

A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!

Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.

Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação.

Leia. Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim.

Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.

Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.

Era só isso minh@ querid@. Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?

Isso vale para todos nós, pais, filhos, netos e amigas...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Bioma do cerrado

O Bioma do Cerrado

O cerrado brasileiro possui mais de 50% de sua área ocupada por atividades produtivas. A importância deste bioma é dada pela imensa biodiversidade nele existente. É considerado o berço das águas, onde estão localizadas nascentes que formam rios das principais bacias hidrográficas brasileiras (Bacia Amazonas, Tocantins, Paranaíba, São Francisco, Paraná e Paraguai). Além disso, o bioma do Cerrado tem importância social, pois esta presente em cerca de 1.500 municípios e é habitat de civilizações que dele sobrevivem, como os Kalungas, grupos agroextrativistas, tribos indígenas e outros (Ibama 2006)A Campanha da Fraternidade, por exemplo, inicialmente contemplavam mais a vida interna da Igreja. Hoje ela desperta a consciência maior da realidade sócio-econômico-política, marcada pela injustiça, pela exclusão, por índices sempre mais altos de miséria, aspectos bem determinados desta realidade em que a natureza esta ferida e cujo restabelecimento é compromisso urgente da fé.

A diversidade esta presente em nosso país.


1- Amazônia

2- Caatinga

3- Campos Sulinos

4- Cerrado

5- Mata Atlântica

6- Pantanal

7- Zona Costeira

8- Transição Amazônia-caatinga

9- Transição Amazônia-Cerrado

10- Trans. Cerrado –caatinga.
Esta grande extensão territorial é composta por um verdadeiro quebra-cabeça de grandes conjuntos de vegetação aos quais denominamos Domínio. Um Domínio é um conjunto particular de condições de clima, de geografia, e de vegetação, dentre outros fatores que diferem das condições predominantes nas demais áreas.

Desta maneira, apesar do Bioma Cerrado ser o tipo de vegetação mais freqüente no Domínio do Cerrado, não é o único Bioma que compõe este Domínio.

O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro. Já ocupou 25% do território brasileiro, fato que lhe dá a condição de segunda maior cobertura vegetal do país, superada somente pela Floresta Amazônica. No entanto, com o passar dos anos grande parte do Cerrado já foi destruída, principalmente para a instalação de cidades e plantações, o que o torna um bioma muito mais ameaçado do que a Amazônia.

Os ambientes de florestas, como as Matas Ciliares – que ocorrem às margens de cursos de água – e as Matas Secas – que ocorrem, geralmente, em solos com afloramentos de rocha –, são exemplos de ambientes que pertencem a outros tipos de Bioma – no caso do tipo florestal – que não o Bioma Cerrado.

[...] «A história possibilita a libertação de coações, práticas provenientes de situações mal compreendidas do passado [...] ela mostra e denuncia o caráter antiquado, a inoportunidade e a inconveniência de determinadas condições de vida diante da possibilidade objetiva de outras condições sociais». (BERGMANN, 1990,p.31; 35;36). (lembramosM.Amb no do tempo de nosos avós )

Podemos definir um Bioma como um conjunto de vida, vegetal e animal, especificado pelo agrupamento de tipos de vegetação e identificável em escala regional, com condições geográficas e de clima similares e uma história compartilhada de mudanças cujo resultado é uma diversidade biológica própria.

A localização geográfica de cada bioma é condicionada predominantemente pelos seguintes fatores: clima, temperatura, precipitação de chuvas e pela umidade relativa, e em menor escala pelo tipo de componentes do solo. (FILMINHO Meio Ambiente 1)

As cartas magnas promulgadas ao longo da história republicana de Goiás sempre trouxeram preceitos relevantes. A transferência da capital estadual, por exemplo, só foi possível em virtude da deliberação dos deputados constituintes de 1935, que determinava dois anos de prazo para a nova sede administrativa.
Na seara ambiental, é no conteúdo das regras conservacionistas que a vigente constituição de 1989 avulta em importância, de modo especial em duas passagens. 1º gravada no art. 131,§2º, assinala que fica proibida a instalação de usinas nucleares, bem como a produção armazenamento e transporte de armas atômicas de qualquer tipo no Estado.

Recentemente, a imprensa divulgou que rejeitos das usinas de Angra 1 e 2 poderiam ser depositados no Parque Telma Ortegal, em Abadia de Goiás. O atual ordenamento jurídico estadual alcança-se a interpretação de que a disposição final do lixo nuclear em território goiano resta impossível e incondicional. Se Goiás proíbe a operação de usinas nucleares, como poderia acolher resíduos atômicos???

A 2ª disposição ambiental noticiada, presente na lei maior estadual refere-se à reserva legal, área com cobertura vegetal localizada no interior de um imóvel rural. Isso porque o art. 129 impõe aos proprietários rurais a manutenção de pelo menos 20% da vegetação nativa. O porcentual remonta ao ano de 1965, ocasião em que o Brasil aprovou, por sugestão dos técnicos do Ministério da agricultura, seu segundo código florestal.

Mais de 2 décadas depois, o constituinte da unidade federativa entendeu por bem içar a obrigação ao ápice de sua estrutura jurídica, certamente com o objetivo de melhor acautelar o bioma do cerrado.
O projeto do 3 código florestal atualmente em discussão no congresso nacional, flexibiliza sobremaneira o regramento ambiental, principalmente da reserva legal.
É sabido que todos os entes federativos tem competência legislativa no tema do meio ambiente. Até os municípios podem criar normas, desde que os dispositivos sejam mais benéficos á preservação ecológica do que as previsões estaduais. Nesse sentido, mesmo que se confirme a fragilização do instituto da reserva legal no plano nacional, o estado de Goiás estará por enquanto livre do referido retrocesso ambiental, em razão do valor de sua Constituição Estadual.

Para definir um tipo de vegetação, em qualquer escala, pode-se usar um, dois ou os três critérios que compõem este termo. Portanto, o uso do termo cerrado como tipo de vegetação pode incorporar componentes que não são observados quando apenas a forma de vegetação é considerada.

São descritos onze tipos principais de vegetação para o bioma Cerrado, enquadrados em formações florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão), savânicas (Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre). Considerando também os subtipos neste sistema são reconhecidas 25 tipos de vegetação.

O que mais causa estranheza é que, apesar da importância deste bioma e do seu acelerado ritmo de degradação ambiental, a maioria dos brasileiros só se deram conta e se preocuparam com os problemas ambientais – das áreas urbanas e da Região Amazônica. É preciso chamar a atenção de população para a importância do Cerrado e para a necessidade de sua conservação.

Não se podem negar os benefícios socioeconômicos da expansão agrícola sobre o Cerrado, principalmente no que diz respeito ao aumento da oferta de alimentos e a redução nos preços de vários produtos fundamentais para a economia, como é o caso, entre outros, da soja, do milho, do café e do feijão

Mas, se não podemos, visando à conservação ambiental “abrir mão” do que é produzido atualmente nas terras do Cerrado, podemos lutar para que sejam implementadas políticas públicas que levem em consideração tanto a conservação, quanto o aumento da oferta de alimentos produzidos.

Para que a conservação deste bioma aconteça, é necessário educar a população brasileira. E para isso é indiscutível, e até redundante dizer que, o melhor local para se iniciar esta consciência é na escola. E para o aprendizado ocorrer de forma satisfatório, é necessário um ambiente escolar saudável e agradável.


(Filminho com musica do rei Roberto Carlos).
OBRIGADO a TOD@S!




Lázara Alzira de Freitas
lazaralzira@gmail.com

lazara.freitas@seduc.go.gov.br





















O Cerrado é considerado o berço das águas, onde estão localizadas nascentes que formam rios das principais bacias hidrográficas brasileiras (Bacia Amazonas, Tocantins, Paranaíba, São Francisco, Paraná e Paraguai). Além disso, o bioma do Cerrado tem importância social, pois esta presente em cerca de 1.500 municípios e é habitat de civilizações que dele sobrevivem, como os Kalungas, grupos agroextrativistas, tribos indígenas e outros (Ibama 2006)

Trazê-las para a sala de aula;



Observar como as imagens são construídas;


Extrair-lhes as informações (aparentes ou não);


Estabelecer relações entre o que constitui o saber histórico escolar e os valores, idéias e comportamentos assimilados através dos meios de comunicação (MOCELLIN, 2009)


A Consciência Histórica constitui uma determinada construção de sentido sobre a experiência no tempo (RÜSEN, Jörn. em Aprendizado histórico - 1997, p.42).



E estes sentidos mudam constantemente; assim é a consciência ambiental: cada presente constrói sua narrativa sobre o passado e sobre o futuro;


Reiteramos o passado colonizado: carência de produções sobre nossa história x grande oferta de produções sobre os países economicamentes bem estruturados;



Reiteramos o saber escolar: conhecimento ‘verdadeiro’  x conhecimento falso, anacronismo etc. Enquanto nossa educação deve ser voltada para entendermos os processo comunicacionais.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

sincretismo religioso

Os meus deuses não me pedem nenhuma religião. Pedem que eu esteja com eles. E depois de morrer que eu seja um deles.

Nimi Nsundi (Couto: 2006,113)


O romancista Mia Couto é uma dessas vozes africanas que apresentam de maneira contundente, por meio de seus sujeitos históricos e ficcionais a vivência de seres que, travam a luta pela existência material e espiritual em palco africano mais precisamente em Moçambique.
O romance “O outro Pé da Sereia” traduz a contemporaneidade moçambicana relacionada ao passado do Reino Monomotapa do século XVI, o que estabelece um confronto entre culturas de dois tempos e duas estruturas religiosas, uma mítica, vinculada ao passado e a natureza e outra estrangeira e positivista representada pela igreja católica.
Em uma entrevista concedida ao portal de literatura, em 26/09/2006 o autor diz que a inspiração para escrever o romance lhe veio ao ler a “Carta de Antonio Caiado, sobre a morte de D. Gonçalo Silveira . Essa afirmação de Mia Couto, confirma a importância de várias obras literárias elucidar momentos e contextos históricos por elas abordados.
A narrativa se inicia no ano de 2002, quando um pastor de cabras e burros presencia a queda de um objeto metálico incandescente em suas terras. Zero Madzero e sua mulher Mwadia vão até a casa do adivinho Lázaro, em uma floresta, pedir permissão para enterrá-la às margens do rio, ao fazerem isso encontram uma estátua de Nossa Senhora sem um pé, um esqueleto e um baú com documentos antigos.
O reino Monomotapa do século XVI atraia para as terras dos Sofalas , portugueses ávidos por ouro e intenções de expandir a fé cristã e converter as “almas pagãs” africanas. A expedição de Dom Gonçalo da Silveira partiu em 1560 de Goa na Índia, que fora desmembrado do Bispado do Funchal em 1534, quando Paulo III, através da Bula Aequum Reputamus, cria aquela nova Diocese. Este novo Bispado compreendia toda a extensão territorial desde o Cabo da Boa Esperança até ao Japão. A travessia marinha e as naus em que seguiam, o jesuíta Gonçalo da Silveira, o escravo Nimi Nsundi, a estátua de Nossa Senhora benzida pelo papa, a indiana Dia e o padre Manuel Antunes constitui o cenário e a trama a ser desvelada pelos sujeitos históricos e ficcionais de Vila Longe. Mwadia uma das personagens do romance encerra o elo de conexão entre o século XVI e o presente da província de Sofala em Moçambique.
Mediante o exposto, o presente estudo tem por objetivo, propor discussões em torno das representações do sincretismo religioso em Moçambique.
O fio condutor desse enredo centra-se na estátua de Nossa Senhora, a virgem que o escravo Nimi Nsundi interpreta como se fosse a rainha e deusa Kianda , entidade mítica cultuada em sua terra natal. Esse objeto mítico constitui o pilar de convergência das histórias que se contrapõem e se completam próprios das relações dialógicas dadas pelos relacionamentos humanos estabelecidos em dois tempos. O tempo atual levado a efeito pela vivência de seres que se perpetuam em suas comunidades interioranas como Antigamente e Vila Longe e o tempo passado dado pelo alcance do domínio português em territórios litorâneos da costa indica e que são na verdade os mesmos no que tange a territorialidade geográfica.
A estátua perdida foi encontrada por Zero Madzero e Mwadia nas proximidades de Antigamente, enquanto enterravam a estrela, na floresta dos antepassados. Espaço que deixou de ser sagrado quando o casal conspurca o rio e a floresta. Para se livrar de uma maldição de morte foi dada a eles a tarefa de encontrar um local adequado para guardarem a estátua da santa. Vila Longe é o espaço urbano mais próximo e, portanto mais cômodo para abrigá-la, por ter igreja e ser a terra da protagonista Mwadia que ali retorna, para resgatar suas memórias e se juntar a outros personagens que configuram o ambiente sócio-cultural daquela localidade.
A narrativa de O Outro Pé da Sereia recria a originalidade das aldeias moçambicanas forjadas pela língua portuguesa, e segundo Russel Hamilton essa recriação é sustentada por uma exuberante criatividade lexical e uma síntese que faz ponte entre a oralidade e a pura invenção, em que o contexto comunicativo, estético possibilita a partilha da mensagem. ( Apud Lopez José) Cultura Acústica e Cultura Letrada.
Embora o português seja a língua oficial, seu uso limita-se as áreas urbanas, ali são faladas 18 línguas sendo que para um número considerável de falantes, o português funciona como uma segunda língua. A grande maioria da população fala línguas do grupo nígero-congolês, da família banto. Também são faladas línguas asiáticas principalmente no litoral norte. Esse mosaico étnico lingüístico configura uma diversidade cultural que dificulta a delineação de uma identidade genuinamente moçambicana, mas por outro lado permite aos contadores de histórias usarem toda a plasticidade inerente as línguas maternas. È assim que o narrador de O Outro Pé da Sereia consegue traduzir valores e remanescentes de cultura de tradições orais, usando neologismo, introduzindo-os em provérbios, máximas ou aforismo. A atmosfera do interior moçambicano na prosa de Mia Couto é exprimida através desse recurso literário e da incorporação dos vocábulos pertencentes ao léxico local, como podemos observar na fala do adivinho Lázaro com Zero Madzero:

── Esses ossos você não mexeu neles, pois não?
── Sou quizumba para mexer em ossos já mortos?
── Você sabe de quem são esses tais ossos?
── Nunca ouviu falar do missionário Silveira?
Não. Madzero era de uma pequena aldeia chamada Passagem, um emigrado de outras lendas, mas logo se apercebeu de que era assunto de peso.
Esses ossos são dele, desse padre português. Estão ali mais de quatrocentos anos...
── Quatrocentos anos? O pastor até soltou uma gargalhada tal era a perplexidade.
── Quem guarda esses ossos são aves de rapina.
O adivinho espreitou o céu. Inspecionava se não seria perseguido pelas voadoras guardiãs, Suspirou e prosseguiu, em tom contido, como se receasse ser escutado (COUTO, 2006, p,41)

Na verdade os restos mortais de Gonçalo da Silveira jamais foram encontrados. Mia Couto enquanto tecia o romance, preocupava com os dados históricos. Pensou em empenhar por busca arqueológica dessa ossada, mas desistiu quando vislumbrou o tamanho da responsabilidade de tal empreitada.


Autor, Vida e Obra.

Antonio Emilio Leite Couto, conhecido como Mia Couto é filho de um casal de portugueses emigrados para Moçambique em 1951. Nasceu em Moçambique no ano de 1955, onde passou toda a sua vida.
Foi jornalista da Revista Tempo e do Jornal Notícias de Maputo, além de ter sido diretor da Agencia de Informação de Moçambique. Também se iniciou nos estudos de medicina e se formou em biologia. Participou da luta pela independência de Moçambique e em 1975 quando fez parte do movimento pela libertação: A FRELIMO .
Mia Couto iniciou sua carreira literária em 1983 quando publicou o livro Raízes de Orvalho, um livro de poemas. Recebeu vários prêmios. Sua obra Terra Sonâmbula, publicado em 1987 foi relacionada como um dos melhores livros africanos do século XX.
Publicou mais de dezenove livros, entre poesias, contos e prosas, mas é nessa ultima categoria que sua genialidade se destaca. Sua capacidade inventiva de recriar palavras o faz ser comparado com Guimarães Rosa, de quem Mia Couto admite ter recebido muita influencia.
Beira, cidade onde Mia Couto nasceu e cresceu, é portuária do litoral índico, local de intenso trânsito de árabes, indianos e outros povos, que ajudaram no processo de miscigenação, experiência que se faz presente em seus romances, tanto em O Outro Pé da Sereia como em Terra Sonâmbula, na qual impregna de saberes indianos e árabes, os personagens que circulam em seu enredo.
Outra característica decorrente dessa vivencia litorânea é o domínio para traçar identidades forjadas no contato com o mar, em contraponto com os povos das savanas. Moçambique tem as costas voltadas para o Oceano Índico e é constituída por cinco províncias sendo a de Sofala toda de litoral. Mas não só de contrapontos entre culturas marítimas e interioranas são formadas seus enredos. Há um contraponto de tempos históricos, cuja técnica literária de lidar, com tempos narrativos, possibilitam o leitor passar de um tempo a outro, sem perder o contexto da viagem.
No caso da obra em questão, essa técnica aparece quando a imagem da Santa, se torna o elo temporal real que anima a vida daquela travessia marinha portuguesa em 1560, e que no presente dinamiza a existência de uma comunidade a ela ligada por laços sincréticos.

Antecedentes históricos

O comércio entre os povos do Oceano Índico no século XV era dominado pelos árabes de Omã. Esses buscavam na Índia, panos de algodão, miçangas e ágata para trocarem por marfim, escravo, ouro, cera e resina na África oriental, de maneira que as relações de comércio português do Índico Afro-asiático só ganhariam força em meados do século XVI, quando o ouro de Sofala tornaria essencial para dar continuidade às transações econômicas portuguesas no oriente.
De acordo com Carlos Serra 1988 as feitorias de Moçambique e Quiloa, a fortaleza de Sofala, estabelecidas entre 1502/05 não garantiam a efetiva dominação do comércio do Índico aos portugueses, pois até 1530, os árabes e mesmos as dinastias locais bloqueavam a passagem de mercadorias para o interior da África. (Apud. Santos, Corcino) Moçambique como centro de articulação do comércio português do Índico Afro-Asiático.
Os contatos com os povos do Reino Monomotapa ocorreram a partir de 1530 com a penetração portuguesa no vale do rio Zambeze, tornando os monomotapas dependentes de seus negócios. Essa dependência acontecia por conta da necessidade de abastecimentos de tecidos da Índia e miçangas de Veneza pelos monomotapas.
O reino Monomotapa abrangia uma extensa área limitada pelo rio Zambeze, a norte, o oceano Índico a leste e o rio Limpopo ao sul e ocupava terras tanto da atual Zâmbia quanto de Moçambique.
A posição geográfica de Moçambique era estratégica para Portugal, que tinha nesse espaço, sobretudo na Ilha de Moçambique uma base para de abastecimentos dos navios de carreira da Índia, mas essa importância foi paulatinamente transferida para os negócios praticados entre portugueses e monomotapas, isto porque a intermediação árabe foi diluída com a presença lusitana diretamente na zona mineradora
Por onde passaram mercadorias, passaram também idéias, credos, ritos e mitos, cujas inter-relações se processaram inicialmente nos locais de encontro dado por rotas marítimas ou terrestres.
Moçambique a esse tempo foi um centro de articulação do comércio do Índico afro-asiático, que canalizou cultura de três povos distintos: europeus cristãos, árabes islamizados e indianos hindus que fundidos com as tradições africanas resultou na formação do forte sincretismo professado por boa parte da população moçambicana.
Continuamos a seguir...

Chegada dos Portugueses

Chegada dos Europeus a Costa Brasileira

Com a chegada dos europeus a costa brasileira no início de século XVI, esta era habitada por diversos grupos nativos: tamoio, tupinambá, goitacaz, guaianaz, carijó, tupiniquim, tabajara e outros. A maioria dos grupos era pertencente aos tupis, e estes forneceram aos colonizadores informações sobre outros povos, os tapuias, entre os quais se encontravam os índios de Goiás. (Hist. De Goiás em Doc. Luis Palacin; Ledonias F. Garcia e Janaina Amado,- p.11)
O grande “descobridor” de Goiás foi Anhangüera. Isto não significa que ele fosse o primeiro a chegar a Goiás, como vimos anteriormente, mas sim que ele foi o primeiro em vir a Goiás com intenção de se fixar aqui, (1690 1718).
Expedições organizadas na Bahia, (centro da colonização) tidas como oficiais e caracterizadas como “entradas, descidas e bandeiras” percorreram o território do então chamado Estado de Goiás, com finalidade de explorar o interior, capturar os índios e buscar riquezas minerais, para a coroa portuguesa. Estes índios, logo que capturados, deveriam ser também aldeados, ou seja, reunidos em povoações fixas, chamadas aldeias, onde, sob supervisão da uma autoridade leiga ou religiosa, deviam cultivar o solo e aprender a religião cristã. (Hist. De Goiás – Luis Palacin e Maria Augusta sant’anna Moraes;1975 - p.6)
Em 1754, D. Marcos do Noronha primeiro governador da Capitania, estabelece um regimento a estas aldeias, submetendo os índios a um rigoroso regime militar, que gerou os piores resultados. (De Goiás em Doc. Luis Palacin; Ledonias F. Garcia e Janaina Amado, p.88)
De São Paulo também vieram expedições para Goiás, chegando até o extremo norte, em busca dos índios. Mas o costume de migrar, ou pelo habito, ou por guerras entre inimigos, faziam com que os vencidos se refugiassem nos sertões, em busca de novas terras para o cultivo, ou simplesmente para fugir do colonizador, que os obrigava a se escravizar, mantendo-os presos e matando-os caso julgassem necessário. (Hist. De Goiás em Doc. Luis Palacin; Ledonias F. Garcia e Janaina Amado, p.11)
Segundo Saint Hilaire, falando de Goiás, desde os primeiros dias da colônia até a chegada da Corte ao Rio de Janeiro, os governadores, que aqui representavam a família real, gozavam de um poder praticamente ilimitado.
A falta de comunicações, a carência de um aparelho administrativo organizado, as enormes distâncias e a inexistência de uma polícia ainda que rudimentar, fez com que a existência e o reconhecimento de uma ordem legal significasse exatamente o contrário de um poder ilimitado e , neste ponto, a sobrevivência de muitos direitos pessoais e de classe, próprios do direito estamentário, dificultavam, ainda mais, o exercício da autoridade na província.
Os governadores se encontravam, não só longe do poder absoluto, mas mesmo de uma real autonomia. Não nomeavam nem escolhiam seus colaboradores, nem podiam destituí-los, não podiam criar novos ofícios nem prescindir dos existentes; deviam prestar contas, e esperar aprovação, até dos menores gastos extraordinários. Qualquer inovação na lei ou no costume devia ser submetida, de antemão, ao Conselho Ultramarino, e não podia ser posta em prática sem sua expressa aprovação.
Segundo Palacin, é relativamente grande a documentação que aborda a passagem de bandeiras e descidas pelo nosso Estado no século XVII. Já no século XVIII há grande movimento migratório por parte dos nativos.


Século XVII em Goyás.


As bandeiras seguindo de canoa até o extremo norte de Goiás, região do Estreito, seguiam o curso dos rios: Paranaíba –Tocantins-Araguaia, e voltavam pelo Tietê a São Paulo; viagem que durava entre 2 e 3 anos, naquela época. E as descidas usadas pelos jesuítas, que tinham criado na Amazônia um sistema bastante estruturado, que buscava índios para as aldeias de aculturação. Eram expedições fluviais, que subindo o Tocantins chegaram a Goiás. (Hist. De Goiás – Luis Palacin e Maria Augusta Sant’Anna Moraes; 1975-p.6e 7)

FIGURA 1: Mapa Rios: Paranaíba –Tocantins-Araguaia As bandeiras seguindo de canoa até o extremo norte de Goiás, região do Estreito, seguiam o curso dos rios.(fotografado dos arquivos do IPHBC- domínio público)

A partir de 1653, iniciam-se regularmente expedições dos jesuítas e demais expedições em busca de minas de ouro das quais tinham noticias, a partir de caminhos fluviais, partindo de Belém pelo Amazonas e remontando depois o Tocantins.
Segundo Palacin bandeira era uma expedição organizada militarmente, onde cada participante contribuía com parcela de capital representado por seus escravos.
Entre os principais financiadores das bandeiras, destacou-se João Leite da Silva Ortiz, genro do Anhanguera, e proprietário de lavras em Minas, e João de Abreu, irmão de Ortiz. Entre todos os participantes contavam-se uns 150 membros, mas incluindo os escravos, índios e negros, chegava a um total de quinhentos membros. O que fez surgir desavenças entre os líderes paulistas e os componentes das bandeiras.
O Anhanguera se ofereceu ao governador Rodrigo César de Menezes para fazer uma expedição para Goiás. Conforme lembranças suas, ele havia andado com o pai, quando tinha apenas doze anos, pela região do rio Araguaia, e ali recolhido algum ouro.
E estava tendo agora uma oportunidade de retornar ao local, carregado de experiências vindas de sua idade já avançada, fato este que não impediu seu “impulso aventureiro”. Apesar de Anhanguera possuir “muita experiência do sertão dos Guayazes”, ele não fizera “o seu descobrimento por falta de meios” (Resgate, Cap. de São Paulo, 1, doc.250).

Adolescência - uma pequena parte dela

  Adolescência   Dos onze aos quatorze anos eu estudei no CCCM, fica ao lado da Igreja Coração de Maria, na Av. Paranaíba no Centro de Goi...