segunda-feira, 17 de novembro de 2014

CONSTRUÇÃO E DESCRONSTRUÇÃO DE UM PASSADO Lázara Alzira de Freitas

CONSTRUÇÃO E DESCRONSTRUÇÃO DE UM PASSADO
 Lázara Alzira de Freitas 
 RESUMO Neste artigo conheceremos de maneira breve, a sociedade brasileira através da construções e desconstruções vividas, desde a vinda dos portugueses até a década de 1960. E neste período enfatizaremos a importância do Concilio Vaticano II e sua influência na Catedral Metropolitana de Goiânia, na figura de Dom Fernando Gomes dos Santos. Onde se estampará as espectativas vividas e idealizadas, daquele que muito ativamente participou do Concílio Vaticano II, conduzido pelos Papas João XXIII e Papa Paulo VI, durante o período de 1961 a 1965; e os problemas enfrentados pela Igreja Católica com a chegada da modernidade. 
 Palavras-chave: Narrativa da Inferioridade; Concilio Vaticano II; Dom Fernando Gomes dos Santos; Construção e desconstrução do Passado 
 O século XX foi marcado por intensas transformações econômicas, sociais e políticas, uma época em que a história acelerou-se. Essa transformação veio sendo provocada pelos avanços contínuos da industrialização, da urbanização, do desenvolvimento científico e tecnológico. A corrida armamentista produziu terríveis engenhos de morte. As multinacionais passavam a controlar a produção e o consumo. E o globo terrestre torna-se uma pequena aldeia: os meios de comunicação facilitavam tudo, os recursos naturais se esgotavam a superpopulação era assustadora, revoluções e pequenas guerras colocavam o mundo em alerta constante até de uma possível e catastrófica guerra nuclear. Violência, opressão, erotismo, epidemias, fome e miséria comandavam o espetáculo. Alguns poucos se tornavam mais ricos, enquanto que a maioria empobrecia. Assim era em todo o mundo e Goiás não fugia a regra, afirmava-se aqui, as bases das questões agrárias entre o período de 1930-1965, era o coronelismo , que tomava frente em Goiás. Por toda parte a angustia, o medo, o fanatismo, o indiferentismo, a exploração, o sem sentido. Conhecendo aspectos de gerações passadas, pode-se conseguir entender aspectos da geração atual. E através desse entendimento efetuar mudanças significativas para melhorar a vida em sociedade. O político e o religioso de uma cidade, quer queira ou não, interferem na vida e no espaço de todos na sociedade. Tendo de haver uma preocupação por ambas, para construir uma sociedade justa, e não apenas construções artificiais com mecanismos físicos ou amontoados de homens individuais e de convergências sociais, ruas, edifícios, luz elétrica, telefone...a cidade é o habitat natural do homem civilizado. A cidade é um estado de espírito um corpo de costumes e tradições e dos sentimentos e atitudes organizados, inerentes a esses costumes e transmitidos por essa tradição. A cidade está enraizada nos hábitos e costumes das pessoas que a habitam, possuindo organização moral e organização física. Este estudo esta voltado, para o sujeito histórico Dom Fernando Gomes dos Santos e sua passagem pela Catedral Metropolitana de Goiânia e ainda para a sua imagem construída pelas notícias da imprensa no período 1961-1964. Focalizado a imagem da mídia jornalística no governo de Mauro Borges, governador de Goiás neste período, governou durante três a quatro anos, e seus assessores se preocupavam com a aparência de seu governo, foram feitas várias anotações e guarda de registros jornalísticos de seu governo. E está bem documentada e guardada no IPEHBC – Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central . Além disso, outros jornais circulantes tratam do seu governo; assim como documentação e fotografias referente a passagem de Dom Fernando como arcebispo desta Arquidiocese. Uma interpretação a partir da análise da imprensa e do indivíduo poderá dar-nos uma noção do pensamento político neste momento. O trabalho do historiador tem que ser baseado em documentos encontrados e analisados sobre seu objeto. Ou seja, a documentação é quem dirige o trabalho do historiador. É ela que vai fazer aparecer os sistemas normativos, as estratégias e rupturas, que surgem nas relações sociais. Não importando quem está certo ou errado, mas com a finalidade é a compreensão de uma época. Descobrir a realidade com todos os seus problemas, idéias e relações. Assim sendo a biografia que será trabalha nesta pesquisa vai ser do tipo que Ronaldo Vainfas chamou de Biografia e contexto , onde há a valorização do meio social. A nova geração de historiadores tem por objetivos a história política em relação com a história cultural. Como sentia e pensava certas gerações sobre certos fatos; e quais foram as ações que deram mais resultados positivos diante de problemas diversos. O individual é visto como integrante de um todo, e o todo é visto como alterado por ações individuais. A biografia surgirá como um sinal de uma estrutura tanto social ou cultural, desvendadas as normas e as estratégias, onde os processos de transição se desenvolveram. A vida de Dom Fernando se intercalará com o comportamento do coletivo, pois ele esteve inserido numa realidade dinâmica, onde sua história permitiu parte da reconstrução de uma totalidade. Toda sociedade resolve questões de acordo com sua época, e estas ações estão vinculadas a afetar a realidade das gerações futuras, numa rede de estruturas descontínuas de construção e desconstrução. A descontinuidade da realidade é que vai definir os cenários e as relações da existência humana. Desde a chegada da família imperial portuguesa ao Brasil um tema que vem sendo aprofundado é o da cristalização do nosso padrão mental forjado na idéia de subordinação. Impedindo-nos de admirar a nossa cultura mestiça, a nossa vida social inspirada na emotividade. Dificultando que nos vejamos como uma nação de grande importância no planeta em termos culturais, sociais, políticos, religiosos e ambientais. “Para alguns, éramos um caso quase perdido. Não tivéramos a fortuna da colonização inglesa, holandesa ou francesa. Descendíamos do pior europeu, o português, e do pior português, o degredado, criminoso, sifilítico. Escória da Europa e do seu próprio país. Escoria da escória, portanto” . Segundo Flavio Paiva “...o Brasil foi a única colônia do mundo que se tornou sede do governo colonizador. O ano de 1808 é um marco da nossa história porque a partir da chegada da corte lusitana iniciamos, bem ou mal, a unificação da então colônia, antes um emaranhado de invasões. Se do ponto de vista do passado, temos muito o que saber das versões não oficiais, com relação ao que somos e quisermos ser, temos mais ainda a refletir, quando o assunto transita pelas circunstâncias que nos impingiram alguns complexos de colonizados que freiam o nosso potencial de nação.” E Goiás, ao olhos de Dom Fernando era uma obra de construção contínua da população aqui existente; um lugar de gente empenhada, e com aspirações existenciais, que não quer ser hegemônico. É um lugar maior e mais importante, a frente de seu tempo. E a Igreja aqui, não abandona o setor assistencial; congressos Vicentinos e Marianos são apoiados pelo Bispo. A herança da narrativa da inferioridade advinda dos tempos da colonização, que nos impede de aperfeiçoar nossas qualidades, nunca serviu de barreiras diante de Dom Fernando, que se pronuncia perante a sociedade, no desejo de dar seguimento aos seus projetos como o das Escolas Radiofônicas; a construção de uma sede própria para o Seminário Santa Cruz; e vários outros. Colocado-se mais afirmativamente no debate de desconstrução para reconstrução do destino desta Arquidiocese. ”A narrativa da inferioridade começa seu encadeamento na percepção equivocada de que os nativos originários das terras brasileiras viviam sem lei e sem rei”. Mário de Andrade (1893 - 1945) o escritor paulista faz uma caricatura literária da gestação nacional, ao lançar “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter”, em 1928. O que poderia ter sido um grande propulsor do entendimento da brasilidade, virou, através da narrativa da inferioridade, um símbolo de uma gente descaracterizada, que não tem como dar certo. Segundo Flavio Paiva a leitura da expressão “sem nenhum caráter” passou a ser feita por alguns “como mau-caratismo cinismo e ausência de princípios”. Em Macunaíma, Andrade mostra que “há quase um século o que aparecia folclorizado de interesseiro, preguiçoso e sem coragem para uma vida coletiva, como uma oposição aos valores sociais e culturais positivistas daquele momento, era uma nação que começava a se formar e não estava sendo compreendido, simplesmente por não ter uma consciência tradicional e um sentido civilizatório inspirado em parâmetros conservadores” . "A comunicação entre culturas não traz a compreensão automática, e mesmo a longo prazo, as coisas podem piorar", alerta Darnton, professor de história européia na Universidade Princeton e autor de algumas obras básicas sobre o século 18, como "Os Dentes Falsos de George Washington" (Companhia das Letras) e "O Grande Massacre de Gatos" (Graal), diz acreditar que já vivemos um momento de conflito e violência globais, deixando de lado a agressão simbólica e partindo para a física” . Darnton, deu exemplo de um incidente famoso acontecido no século XVIII, de “um cavaleiro chamado Jean-François de la Barre foi torturado e teve seu corpo queimado por "desrespeitar" a religião católica. Ele simplesmente não tirou o chapéu enquanto uma procissão passava na rua, além de possuir um livro escrito por Voltaire. Ele desrespeitou um símbolo católico quando o símbolo era levado muito a sério na religião, o que foi entendido como sacrílego e ofensivo. Houve centenas de outros casos como esse no passado da civilização ocidental, com o sacrilégio sendo punido com a morte” . Felizmente, não temos mais isso, não se mata mais ninguém por sacrilégio. Mas os símbolos sagrados ainda existem e são levados a sério nos países ocidentais. “Eles podem carregar emoção. Durante os protestos contrários à Guerra do Vietnã, por exemplo, um homem usou um lenço com o padrão da bandeira dos EUA para limpar o nariz. Isso deixou muita gente furiosa. Parecia uma grande ofensa a algo que muitos acreditavam ser sagrado” . Ao longo dos séculos XIX e XX, vários autores procuraram analisar criticamente nossa situação social, política e religiosa, objetivando apontar caminhos que nos levariam em direção à construção de uma nação moderna, capaz de integrar como cidadãos os que aqui nasciam. E Goiás estava vivendo dias de expectativa e intranqüilidade, pelos últimos acontecimentos políticos nacionais, a situação rural, preocupa não só nossos governantes,mas também o Papa, que tenta influenciar os grandes proprietários de terra para conseguir resultados práticos (a reforma agrária). Esse processo de integração foi sendo efetivado de modo árduo, implicando em lutas que levaram a conquistas parciais, porém bastante significativas. Como a posição do Sr. Jânio Quadros, que se confessava democrata, e mostrou em pronunciamento sua posição contra um comunismo que ensinava aos cubanos a armar com fuzis e metralhadoras crianças, meninos e meninas; ou quando a moral familiar é pisada e desrespeitada, levando a suicídios por homens em desespero, de medo de uma guerra atômica. Posteriormente o presidente João Goulart recebeu vários Bispos, entre eles Dom Fernando G. dos Santos, para um almoço no Palácio e pediu orações para este governo “pátria estremessida” (com a renuncia de Jânio Quadros) “Que a Igreja nos ampare nesta missão” Euclides da Cunha, que revelara o Brasil ao Brasil, ao publicar, em 1909, “Os Sertões”, se deixara levar pelo erro de negar a importância e a qualidade da mestiçagem, erro cometido, segundo Gilberto Freyre, nas "páginas mais acres de pessimismo sobre os povos híbridos também caiu na armadilha da dualidade de julgamento ao deparar com o sertanejo, ora "um forte", "herói nacional", ora uma anomalia do cruzamento de raças, perdido entre a civilização e a barbárie". Anos mais tarde, o escritor pernambucano rompeu com este mito e valorizou sobremaneira a importância do índio e do negro na formação do povo brasileiro, um de seus maiores admiradores, que é também um dos mais audaciosos intérpretes do Brasil, Darcy Ribeiro, sentenciou: "Mestiço é que é bom" até porque a mistura de raças é a mais eficaz arma de combate ao racismo. Gilberto Freyre(1900-1987) em “Casa-grande & senzala não tem só o impacto de uma revelação científica. Envolve o Brasil como uma profecia, tal sua força de convencimento, e hipnotiza pelo estilo simples e grandioso. Redescobre o português, esquadrinha as virtudes que fizeram dele o povo apto a empreender as grandes navegações e descobertas, capaz de recolher do conhecimento mais avançado da época a técnica necessária para desafiar o desconhecido” . Sua mensagem representou um divisor de águas na evolução cultural do Brasil e contribuiu para que o país encarasse com mais confiança seu papel no mundo moderno. A narrativa da inferioridade passou a nos convencer, de que precisamos promover a segregação étnica e religiosa para obtermos o atestado de alinhamento histórico, com os países que sofreram e sofrem com esse tipo de intolerância social e cultural. No entanto, os programas de distribuição de renda para as classes mais desfavorecidas, do governo federal, têm mostrado que a questão das nossas desigualdades é antes de tudo econômica. Neste contexto a Igreja Católica procura seu devido lugar e, sobretudo, o cumprimento fiel de sua missão, que lhe exigia assumir a realidade e trabalhar por mais justiça e fraternidade entre os homens. Despertando na juventude o desejo de conhecer a Igreja para poder ama-la, e ama-la para se dedicar inteiramente a Deus e ao próximo. O Concílio Vaticano, foi o 20º Concílio Ecumênico e reuniu-se em sua 4ª sessão a 18/07/1870. No dia seguinte estourou a guerra entre França e a Alemanha. A reunião nem sequer se encerrou,e após 92 anos, quando em 23 de dezembro de 1923, o papa Pio XI publicou sua 1ª encíclica “Ubi Arcano” surgiu novamente a idéia de um Concílio Ecumênico. Contudo o S.S. não ousou retomar no momento, a continuação do Concílio aberto pelo Sumo Pontífice Pio IX (1846-1878). No pontificado de Pio XII , um grupo de eclesiásticos chegou a trabalhar no planejamento do Concílio, mas não havia chegado ainda o momento a “hora” determinada por Deus. Essa “hora” só foi acontecer em 25/01/1959, a menos de três meses de ter sido eleito João XXIII ao Pontificado, quando ele manifestou desejo de convocar um concílio ecumênico. Primeiramente observando a situação particular de Roma a exigir um Sínodo , quanto antes; depois, projetando seu olhar pelo mundo inteiro, o S.S.vê a recusa da fé cristã, o abuso e o comprometimento da liberdade, a divisão entre duas cidades, a atenção e a atração das vantagens de ordem material que o progresso da técnica moderna engrandece e exalta; diante desse quadro, com humilde resolução de propósito, o Sumo Pontífice pronuncia diante de todos a proposta dupla de um sínodo diocesano para a Urbe e a de um Concílio para a Igreja universal. Era preciso administrar uma economia que se realizava, cada vez mais, em bases nacionais. O mundo dos privilégios do coronelismo e das hierarquias, da aristocracia da corte, e da tradição do nome, era posto em xeque e substituído pelo dos valores individualistas, da produção, dos negócios e do dinheiro. A Igreja, na figura do Papa João XXIII, solta a encíclica “Mater et Magistra” que se trata de uma manifestação da Igreja contra o comunismo. Em defesa do homem, ameaçados pela doutrina marxista. A mobilidade social, já podia ser percebida pelas variedades de estímulos recebidos pela população. A educação e a capacidade para leitura, assim como a extensão da economia monetária a um número de interesses da vida sempre crescente, na medida que tende a despersonalizar as relações sociais, vem ao mesmo tempo aumentando amplamente a mobilidade dos povos modernos. Essa mobilidade também pode ser uma conseqüência de meios naturais de comunicação ou de educação superior. Há uma necessidade de crescimento na população, e a partir dessa necessidade, tem-se desenvolvido numerosas organizações, que existem para o propósito específico de facilitar essas ascensões. O estudo de um indivíduo pode ser realizado, para se entender certa estruturas da sociedade. Pois ele próprio está inserido nela. Cada pessoa é um exemplo de como uma sociedade se comporta. Neste contexto é que a Igreja Católica encontrou, no arcebispo de Goiânia, Dom Fernando Gomes dos Santos; apoio necessário para montar uma estrutura física e psicológica, que mais tarde deu a essa população o sustentáculo necessário para manter uma vida digna, e superar seus mais caros preconceitos, para fazer frente à complexidade social que se descortinava em seu tempo. A idéia de mundo “construída” é apropriada pelo Papa e passa a ter o significado que ele colocou, ou melhor, que viu que perdurava há anos numa Igreja, que não poderia mais ser contemplada a distância, pois “sua missão deveria ser a de mostrar aos fracos, aos pobres, aos proletários, que são eles o povo preferido pelo Mestre Divino” . Assim como o Concílio Vaticano II que deixou grandes heranças para esse nosso século, como a Bula “Domine ut omnes unum sint” – a unidade da Igreja, a união de todas as Igrejas numa só, a fusão de todos os corações em espírito e em verdade; também Dom Fernando Gomes dos Santos, que observava o avanço da mídia globalizando o homem comum ainda despreparado, em sua cultura local, para a avalanche de informações trazida de todo o mundo. As religiões vivem da propagação da fé. E o Concílio Vaticano II tem como ponto de partida Jesus Cristo, e a um Cristo vivo deve corresponder a uma Igreja viva. O Concílio Vaticano II fez com que a Igreja passasse de uma Igreja-Instituição, para uma Igreja-Comunidade, totalmente inserida no mundo, e a serviço do Reino de Deus, assim como esteve Dom Fernando ao longo de seu caminhar, despojado e servo, “sem violência e sem medo”, mas com um grande desejo, o de que este Concílio seja “um toque de reunir ovelhas e cordeiros no verdadeiro Redil de Jesus Cristo”! E que não haja destro da cidadela Santa de Sião muralhas de separação, antemuros de divisão entre aqueles que professam a doutrina de cristãos, desejo este também aspirado pelo Pontífice. BIBLIOGRAFIA LIMA, Nísia Trindade. Um sertão chamado Brasil – Cap. 5 “O pai de Jeca Tatu” – Rio de Janeiro: Revan: IUPERJ, UCAM 1999 MOTTA, Rodrigo P. Sá. Jango e o golpe de 1964 na caricatura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2006. ROCHA, Hélio. Os inquilinos da Casa Verde. Goiânia-GO: Editora do autor, 1998. TEIXEIRA, Mauro Borges. O golpe em Goiás: histórias de uma grande traição. Goiânia-GO: Editora da UCG; editora Vieira, 2006. ____________. Tempos idos e vividos. Minhas experiências. Goiânia-GO: Editora do autor, 2002. TEIXEIRA, Maria Dulce Loyola. Mauro Borges e a crise político-militar de 1961 em Goiás: movimento da legalidade. Brasília: Centro Gráfico, 1994. VAINFAS, Ronaldo. História das mentalidades e história cultural. In: VAINFAS, Ronaldo e CARDOSO, Ciro Flamarion (orgs.). Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1997. ____________. Os protagonistas anônimos da história: micro-história. Rio de Janeiro: Campus, 2002. Artigos: - Aldo Rebelo - 100 anos de Gilberto Freyre (Um homem que entendeu o Brasil) Ano I - Nº 6 - Setembro de 2000 - Daniel Buarque - A Via Sacra para Robert Darnton, (incapacidade do ocidente de entender o valor do sagrado entre os muçulmanos provocou onda de violência, que deve se agravar ainda mais Folha de S. Paulo - domingo, 12 de fevereiro de 2006. - Flávio Paiva -A narrativa da inferioridade Diário do Nordeste. COLUNA – caderno 3 Fortaleza, 17 de janeiro de 2008. - Maria Emilia da C. Prado. A questão da cidadania no Brasil. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. - Robert Erra. A Cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano – tradução de Sérgio Magalhães Santeiro.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Modelo de fichamento para as aulas de seminário: Modernidades

FICHAMENTO TEXTUAL - é o que capta a estrutura do texto, percorrendo a sequência do pensamento do autor e destacando: ideias principais e secundárias; argumentos, justificações, exemplos, fatos etc., ligados às ideias principais. uma espécie de “radiografia” do texto  FICHAMENTO TEMÁTICO - reúne elementos relevantes (conceitos, fatos, ideias, informações) do conteúdo de um tema ou de uma área de estudo, com título e subtítulos destacados. Consiste na transcrição de trechos de texto estudado ou no seu resumo. registro de idéias, segundo a visão do leitor  As transcrições literais devem vir entre aspas e com indicação completa da fonte (autor, título da obra, cidade, editora, data, página). As que contêm apenas uma síntese das idéias dispensam as aspas, mas exigem a indicação completa da fonte. As que trazem simplesmente idéias pessoais não exigem qualquer indicação. FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO  - consiste em resenha ou comentário que dê ideia do que trata a obra, sempre com indicação completa da fonte. Pode ser feito também a respeito de artigos ou capítulos isolados. O Fichamento bibliográfico completa a documentação textual e temática e representa um importante auxiliar do trabalho de estudantes e professores. Citação para o texto e bibliografia  Citação é a menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte.  Objetivo da NBR-10520  Fixar as condições exigíveis para padronização e coerência da seguridade das fontes indicadas nos textos dos tipos de documentos (ABNT, 2002).  Tipos de citação  De acordo com a ABNT, (Associação Brasileira de Normas Técnicas) as formas de citações mais conhecidas são: direta, indireta e citação de citação  Citação direta, literal ou textual Citações diretas, literais ou textuais: transcrição do trecho do texto de parte da obra do autor consultado. Espaçamento 1,5cm Tamanho = 12 Exemplo : A citação com menos de 4 linhas é colocada entre “aspas” Citações indiretas ou livres é o texto baseado na obra do autor consultado (uso de paráfrase). Exemplo 1: Indicação do Autor no começo do texto citar em Caixa Baixa seguida da data Indicação dos Autores separados pela expressão “apud” ou “citado por” Citação de citação Citação de citação é aquela em que o autor do texto não tem acesso direto à obra citada, valendo-se de citação constante em outra obra.  Citação de informação verbal  Os dados obtidos por informação oral (comunicação pessoal, palestras, apontamentos em aula, etc.) podem ser citados e suas referências aparecerão apenas em nota de rodapé.  Teses/dissertações/monografias  SOBRENOME, Nome./Título do trabalho./Ano./ Natureza do Trabalho (Nível e área do curso) - Unidade de Ensino, Instituição, Local.  Ex: MONTAGNA, Adelma Pistun. Expressões de gênero no desenho infantil. 2001. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.  Documentos meios eletrônicos  Páginas da Internet  SOBRENOME, Nome./Título da página./Disponível em:. Acesso em: 23 maio 2001.  Ex: CALDAS, Juarez. O fim da economia: o começo de tudo. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2001.  Artigos de periódicos (Internet)  SOBRENOME, Nome./Título do artigo./Nome da Revista, Local, v. , n. , mês ano. Disponível em: . Acesso em: 23 maio 2001.  Ex: BAGGIO, Rodrigo. A sociedade da informação e a infoexclusão. Ciência da Informação, Brasília, v.29, n.2, maio/ago. 2000. Disponível em: . Acesso em: 11 jun. 2002.  E-mail  SOBRENOME, Nome (autor da mensagem). Título da mensagem. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por data. Ex: SILVA, Mário. Informações eletrônicas [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por em 11 jun. 2002.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Rapel em Corumbá

O DISCIPULADO EM LUCAS (por: Lázara Alzira de Freitas)

O DISCIPULADO EM LUCAS Resumo: O termo discípulos, vem para se referir a um aprendiz ou seguidor. E o apóstolo se refere a alguém que é enviado. Ele disseminava o conhecimento transformador. É o poder do Espirito Santo, de despertar consciências e fazer vir à tona as verdades. Os doze discípulos ou apóstolos eram homens comuns usados por Deus de maneira fenomenal. Em Lucas, veremos como aconteceu o discipulado de Jesus Cristo. Abstrat: The term disciples come to refer to a learner or follower. And the apostle refers to one who is sent. He disseminated the transformative knowledge. It is the power of the Holy Spirit, raise awareness and to bring out the truths. The twelve disciples or apostles were ordinary men used by God phenomenally. In Luke, we'll see how it happened discipleship of Jesus Christ. Palavras chave: Lucas – o Império Romano - Discipulado Para compreendermos um pouco sobre o discipulado de Jesus Cristo, é interessante perpassarmos por alguns dados importantes como por exemplo a composição do Novo Testamento. Nele a palavra discípulos, vem para se referir a um aprendiz ou seguidor. E a apóstolo se refere a alguém que é enviado. Enquanto Jesus estava na terra, os doze eram chamados discípulos. E seguiram a Jesus Cristo, aprenderam com Ele, e foram treinados por Ele. Após Sua ressurreição e a ascensão, Ele enviou os discípulos ao mundo (Lucas 6:12-16) para que fossem Suas testemunhas. Eles então passaram a ser conhecidos como os doze apóstolos. No entanto, mesmo quando Jesus ainda estava na terra, os termos discípulos e apóstolos eram de certa forma usados alternadamente, enquanto Jesus os treinava e enviava para pregarem. Os doze discípulos ou apóstolos eram homens comuns usados por Deus de maneira fenomenal. Entre os 12 estavam pescadores, um coletor de impostos, um revolucionário. Os Evangelhos registram as constantes falhas, dificuldades e dúvidas destes homens que seguiram a Jesus Cristo. Após testemunharem a ressurreição e a ascensão de Jesus ao Céu, o Espírito Santo transformou estes discípulos apóstolos em homens poderosos de Deus que viraram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17:6). Em Roma a base econômica no império era o comércio com a exploração do trabalho escravo. Mas além da mão de obra escrava, havia trabalhadores(as) livres: artesãos independentes, camponeses e pescadores que trabalham para garantir o próprio sustento e de suas famílias. Sobre eles, o império fazia pesar sua mão de ferro, exigindo o pagamento de impostos, o trabalho forçado e o serviço militar. Esse modelo econômico produziu grande número de necessitados. Em contrapartida, tanto em Roma como nas províncias do império existia também uma grande leva social rica, onde nobres, aristocratas, sacerdotes, magistrados, juízes, alta classe de administradores e generais, se beneficiam do modelo econômico imperial e mantinha sua riqueza e seus privilégios às custas das camadas mais pobres. Essa elite monopoliza informações para usa las em proveito próprio, assim como os recursos financeiros que o poder central disponibiliza para obras e benfeitorias, manobrando tudo a seu favor. Esse modo de administrar era conhecido pelo nome de patronato, modelo que abrange todas as relações sociais, desde o imperador até os estratos sociais mais pobres. O imperador, como o grande protetor da sociedade, beneficiava os administradores e as elites locais com doações de cargos, títulos de honra e títulos de terras. Dessa forma, criava laços de gratidão, submissão e dependência. O mesmo se dava com os administradores locais e as pessoas ricas de diferentes cidades e províncias, que faziam “pequenos agrados” ao patrono. Devendo honra-lo publicamente respeitando-o na cidade, uma vez que realizava obras em benefício público. Outro recurso que o império romano utilizava para expandir seu poder e manter o controle social era a divinização da imagem do imperador, exibindo-a em moedas, broches, taças, estátuas e altares. É bom lembrar que o título de Augusto, usado pelo imperador, significava “venerável”. Além do sistema patronal e dos cultos oficiais ao imperador, o império romano possuía um exército bem equipado e bem pago, que garantia sua estabilidade. Era o Senatus popolusque romanus ou senado e o povo romano. Tudo isso na história do Império Romano é importante para entender Lucas como um dos Discipulados de Cristo. - Deuses - Imperador - Senado - Patronato (Equestres – podiam ser os generais, assim como cavaleiros de alto nível ou subiriam de nível) - Plebeus - Livres O império, por meio de sua política econômica, soube se beneficiar de todas as atividades: e cobrava, com mãos de ferro, as taxas e impostos, o que levava os pequenos comerciantes e produtores rurais à falência. Os ricos se mantinham, pois eram donos de latifúndios e estavam inseridos na “rede” comercial. Isso fez crescer, cada vez mais, a diferença entre ricos e pobres. Os primeiros quatro livros do Novo Testamento, trazem questões sobre a vida, os ensinamentos e a morte de Cristo, e significa para a humanidade cristã A Boa Nova. Eles foram escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João, mas nem todos eles escreveram como testemunhas oculares, apenas Mateus e João foram apóstolos de Cristo e escreveram de fato como testemunhas oculares. Marcos, era médico e escreveu depois da crucificação de Jesus, baseado nas lembranças transmitidas pelo Apóstolo Pedro. Mas veremos a eleição dos doze e especificamente o discipulado dos mesmos neste trabalho, através de Lucas. Procurando desvelar sua origem, aprendizado, conversão e formas de repassar seu aprendizado, para fazer novos discípulos de Jesus Cristo. Eleição dos doze ( Lc 6:12 - 16) 12 E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. 13 E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos: 14 Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; 16 E Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. O sermão da montanha (Lc. 6: 17-26 ) 17 E, descendo com eles, parou num lugar plano, e também um grande número de seus discípulos, e grande multidão de povo de toda a Judéia, e de Jerusalém, e da costa marítima de Tiro e de Sidom; os quais tinham vindo para o ouvir, e serem curados das suas enfermidades, 18 Como também os atormentados dos espíritos imundos; e eram curados. 19 E toda a multidão procurava tocar-lhe, porque saía dele virtude, e curava a todos. 20 E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. 21 Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. 22 Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem. 23 Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas. 24 Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação. 25 Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis. 26 Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas. Lucas era um cristão de formação grega nascido em Antióquia, na Síria, seus textos são os de maior expressão literária do Novo Testamento. Tendo um estilo literário, acredita-se que pertencia a uma família culta e abastada e, de acordo com a tradição, exercia a profissão de médico e tinha talento para a pintura. Antioquia foi uma cidade antiga erguida na margem esquerda do rio Orontes; é a moderna Antaky na Turquia. Que atualmente tormou-se em um sítio arqueológico. Foi fundada nos finais do século IV a.C. por Seleuco I Nicator, que a tornou a capital do seu império. Seleuco servira como um dos generais de Alexandre III da Macedônia, e o nome Antíoco ocorria frequentemente entre membros da sua família. Lucas é mencionado somente três vezes pelo seu nome no N.T. (Cl 4.14 - 2 Tm 4.11 - Fm 24). E na verdade, pouco se sabe a respeito da sua vida. Têm alguns julgado que ele foi do número dos setenta discípulos, mandados por Jesus a evangelizar (Lc 10.1) embora outros, pensam que foi um daqueles gregos que desejavam vê-lo (Jo 12.20), outros ainda, consideram que Lucas é uma abreviação de Lucanos, já têm querido identificá-lo com Lúcio de Cirene (At 13.10. Dois dos Pais da igreja dizem que era sírio, natural de Antioquia. Na verdade não parece ter sido de nascimento judaico (Cl 4.11). Antioquia ocupa um importante lugar na história do cristianismo. Foi onde Paulo de Tarso pregou o seu primeiro sermão (numa sinagoga), e foi também onde os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de cristãos (Atos 11:26). Lucas fora discípulo de Paulo de Tarso, que também não foi testemunha ocular de Cristo, mas fez uma pesquisa criteriosa para ordenar os fatos e os ensinos dAquele a quem conhecera como Mestre, baseando-se boa parte dela nas lembranças de Maria, a mãe de Jesus. Sendo assim, veremos em um primeiro plano um pouquinho de Paulo e seu ambiente de vida, visto ser este ambiente, o mesmo vivido por Lucas, por longa data, E acreditamos, ter tido forte influência na sua formação como discípulo. Paulo é definido como biblista e fundador de comunidades. No vers. 27 “Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte”, temos a chave da compreensão da pequena comunidade (ekklesia). Enquanto o modelo do império excluía, marginalizava, escravizava, e dividia a sociedade em classes, priorizando o lucro, a luta pelo poder e por status social, a comunidade cristã deveria incluir, partilhar, promover, integrar, a igualdade social, a fraternidade, a solidariedade e o amor. E os fracos eram os mais necessários na ekklesia (pequena comunidade) e Paulo era muito firme com todos eles, e mostrava que a divisão deveria ser superada cap. 12 -25 “a fim de que não haja divisão no corpo, mas os membros tenham igual solicitude uns com os outros.” E os chamava de irmãos. Este era um termo colocado por Paulo em Cor. 1. 10. A Ekklesia dividia-se em: esclarecidos e espiritualistas glossolálicos (falavam várias línguas) pobres e escravos Aproveitando-se da camada pela qual ele pertencia, não hesitava e não temia anunciar a Jesus de Nazaré, o crucificado. Ao contrário, considerava-se o último dos chamados por Jesus. Não hesitava, porém, em se propor como exemplo a ser seguido; não como mérito, mas para mostrar que seguir a Jesus crucificado exige transparência, desapego e coerência. Esta era sua verdadeira estratégias, falar de como ocupava o seu tempo e envolvia as pessoas que trabalhavam com ele, como as respeitava e encorajava, como planejava, como rezava, como amava as comunidades. Assim era Cristo e Seus discípulos, usaram comparações e ilustrações que estimulassem a compreensão da verdade. Afirmava que quando fosse apropriado, não deveremos ter medo de fazer o mesmo. Segundo Lucas, Cristo citava as Escrituras em conexão com Seus apelos ao discipulado. Isso sugere que a autoridade e a credibilidade de Jesus estavam nas Escrituras, e não apenas no carisma pessoal. Isso é visto especialmente na maneira pela qual Jesus usou as Escrituras quando dialogou com os dois discípulos no caminho de Emaús. "Ensinando esses discípulos, Jesus mostrou a importância do Antigo Testamento como testemunha de Sua missão" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 796-799). O Evangelho de Lucas esta representado como o terceiro dos quatro evangelhos canônicos. E relata a vida e o ministério de Jesus Cristo, detalhando a história dos acontecimentos desde o Seu nascimento até Sua Ascensão. Lucas é tradicionalmente identificado como o evangelista. Em algumas de suas histórias, como a do Filho Pródigo e também o Bom samaritano, a ressurreição do jovem de Naim (7:11-17),a missão dos 72 discípulos ( 10:3-12), do administrador infiel ( 16:1-9), do rico e o Lázaro ( 16:19-31) e do fariseu e do publicano ( 18:9-14).são encontrados somente no evangelho de Lucas. A obra tem uma ênfase especial sobre a oração, e as atividades do Espírito Santo, assim como a alegria e o cuidado de Deus para com os pobres, as criancinhas e as mulheres. O intelecto deve ser cultivado, no entanto, ele sozinho pode expressar de forma insuficiente toda a personalidade humana, e Jesus ajustou as verdades eternas de uma forma que ia lém do mero intelecto. Ele falou por intermédio de figuras concretas extraídas da vida cotidiana, a fim de alcançar as pessoas onde elas estavam. Todos podiam entende-Lo. Eram verdades profundas transmitidas por meio de parábolas em imagens e metáforas. E essa forma de alcançar a todas pessoas, discipulando-as, foi claramente mostrada por Lucas em seu Evangelho. Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente para a humanidade dEle, com Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os marginalizados. Segundo Lucas o discipulado ensinado por Jesus Cristo, também requeria preparação. Milagres de multiplicação de alimentos, curas espetaculares e o aparente sucesso poderiam levar os discípulos em potencial a supor que seguir a Jesus fosse fácil. Entretanto, Jesus incentivou Seus ouvintes a estudar o quadro completo. Sacrifício pessoal, sofrimento, humilhação e rejeição constituíam custos consideráveis. Observe que Jesus escolheu transmitir essa mensagem usando a linguagem metafórica, embora pudesse ter oferecido uma lista de desvantagens específicas que os discípulos poderiam encontrar. Percebemos que um dos propósitos de Lucas, foi relatar o início do Cristianismo. E como companheiro de Paulo, que em contato com Maria, a mãe de Jesus, faz com que ele trabalhe os primeiros anos do Mestre, e isto nas comunidades fundadas por Paulo. Seu livro é uma história teológica, e foi dividido em três fases: a primeira trabalha desde o Antigo testamento (o tempo da promessa), terminando com João Batista, a segunda consiste no ministério terrestre de Jesus (o tempo do cumprimento)e a terceira é a vida da igreja após a ressurreição de Cristo (o tempo final)de forma a transmitir a imagem de Cristo através da fé. O livro contém ao todo 24 capítulos. O autor retrata o cristianismo como divino, respeitável, cumpridor da lei, mostrando que a compaixão de Jesus estende a todos os que estão necessitados. As mulheres são importantes entre os seus seguidores, os samaritanos desprezados são elogiados e os gentios são prometidos a oportunidade de aceitar o evangelho. Enquanto o Evangelho é escrito como uma narrativa histórica, muitos dos fatos retratados nele são baseados em tradições orais e anteriores aos quatro Evangelhos canônicos. Segundo dados pesquisados, Lucas usou o Evangelho de Marcos para a sua cronologia e provavelmente também, pode ter utilizado registros escritos independentes. As pesquisas tradicionais tem datado a composição do evangelho de Lucas, para o início dos anos 60 d.C., enquanto que outros datam para décadas mais tarde do século I. Converteu-se ao cristianismo e tornou-se discípulo e amigo de Paulo de Tarso, porém segundo seu próprio relato, não chegou a conhecer pessoalmente Jesus Cristo, pois ainda era muito criança quando o Messias foi crucificado. Não sabemos onde e quando se converteu ao cristianismo. Mas cedo, aparece como membro da comunidade antioquena. Paulo o chamava de colaborador e de médico amado e segundo o testemunho dos Atos dos Apóstolos e das Cartas de São Paulo, que constituem os únicos dados biográficos autênticos, acompanhou o apóstolo em sua segunda viagem missionária de Trôade a Filipos, onde permaneceu por seis anos seguintes. Mais tarde acompanhou Paulo novamente, desta vez numa viagem de Filipos a Jerusalém (57-58). E também esteve presente na prisão do apóstolo em Cesaréia, acompanhando o até Roma. Com a execução do apóstolo e seu mestre, provavelmente no ano de 67, Lucas deixou Roma e, de acordo com a tradição cristã, enquanto escrevia seu Evangelho, teria pregado em Acaia, na Beócia e também na Bitínia, onde provavelmente teria morrido por volta do ano 70. Mas sobre sua morte, nada está definitivo, existem várias versões sobre o local e como morreu. Uma versão registra que foi martirizado em Patras e, segundo outras, em Roma, ou ainda em Tebas. O que se sabe é que Lucas sempre foi comprometido com a verdade histórica, e registrou em seu evangelho o que ouvira diretamente dos apóstolos e discípulos que testemunharam a vida de Jesus. Uma tradição bizantina mais tardia, no século VI, quase com certeza apócrifa, considera que ele também se dedicava à pintura e chegou a lhe atribuir alguns retratos de Maria, mãe de Jesus. O exame do vocabulário de seu Evangelho levou a crítica moderna a confirmar a antiga tradição de que era um médico e excelente escritor, preocupado em manter-se fiel aos fatos históricos e, politicamente, com as injustíças sociais. Seu símbolo como evangelista é o touro e, na tradição litúrgica, seu dia é comemorado em 18 de outubro. Os estudiosos da Bíblia acreditam que o autor do Evangelho de Lucas também escreveu o Atos dos Apóstolos. Muitos acreditam que o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos originalmente constituíam uma obra de dois volumes, chamados de Lucas-Atos. O Atos dos Apóstolos, que vem logo depois do Evangelho de João, fala das atitudes dos apóstolos após a crucificação de Jesus, começando com o evento chamado de Pentecostes, e continuando mais atento à vida e às viagens do apóstolo Paulo, abrangendo um período de mais de trinta anos após a morte de Jesus. Jesus é o exemplo para todos os cristãos, e para os discípulos ficou claro Seu nível de comprometimento com as Escrituras, que se torna mais do que uma questão de interesse passageiro, acima de tudo uma forma de evangelizar demostrando aos irmãos através de metáforas, símiles, parábolas, alegorias e outros exemplos de linguagem criativa permitindo a comunicação de modo compreensível. Com base nas experiências do ouvinte, Cristo e Seus discípulos usaram comparações e ilustrações que estimulavam a compreensão da verdade. Quando for apropriado, não devemos ter medo de fazer o mesmo. Lucas 19:29 : E aconteceu que, chegando perto de Betfagé, e de Betânia, ao monte chamado das Oliveiras, mandou dois dos seus discípulos, Lucas 19:37 : E, quando já chegava perto da descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto. O discipulado também requer preparação. Milagres de multiplicação de alimentos, curas espetaculares e o aparente sucesso poderiam levar os discípulos em potencial a supor que seguir a Jesus fosse fácil. Entretanto, Jesus incentivou Seus ouvintes a estudar o quadro completo. Sacrifício pessoal, sofrimento, humilhação e rejeição constituíam custos consideráveis. Jesus Cristo reconhecendo que sua permanência pela terra fosse breve, dedicou-se à formação de discípulos para que estes continuassem seu trabalho, depois que Ele partisse. Ele era o Mestre professor e treinador, o que envolvia treinamento relacionados a transmissão de conhecimentos agregados a prática que envolvia a qualificação por meio de disciplina. Os discípulos foram preparados como lideres, mas não podiam se esquecer de beber da fonte que os inspiravam e buscar sempre o crescimento, para enfrentar futuros desafios, em todos os lugares, e para todas as pessoas. “Em nome do Senhor, levantemos a voz em louvor e ações de graças pelos resultados da obra no exterior”. O conhecimento Bíblico, deve vir combinado com o Espirito de Deus, e assim terá força para transformar indivíduos e as sociedades. Por meio da fé e dos estudos da palavra de Deus. Os discípulos se viram como líderes cristãos e compreenderam a necessidade de cultivar ambos os elementos, não somente em si mesmos, mas também naqueles que serão seus discípulos. Afinal o conhecimento espiritual é indispensável à transformação e ressignificação do ser e mostrada pelo próprio Cristo, em diversos lugares, nos vales, montanhas, ao ar livre ou nas sinagogas, Ele disseminava o conhecimento transformador. É o poder do Espirito Santo, despertar consciências e fazer vir à tona as verdades. E só assim será completa, quando a experiência vier dirigida e fortalecida pelo conhecimento. Este é o discipulado de Jesus Cristo. BIBLIOGRAFIA Reimer. Ivone R. e Haroldo - Perspectivas – interpretação e recepção de textos bíblicos (Rogerio Regis de Azevedo). Reimer. Ivone R. e Haroldo – Leituras - interpretação e recepção de textos bíblicos (Ivone Richter Reimer) White. Ellen G., O Desejado de Todas as Nações,( p. 796-799). – Casa Publicadora Brasileira – Tatuí – SP. White. Ellen G., Atos dos Apóstolos – A Igreja que transformou o mundo – Casa Publicadora Brasileira – Tatuí – SP.

domingo, 20 de abril de 2014

DIVISÃO NA COMUNIDADE DE CORÍNTIO

DIVISÃO NA COMUNIDADE DE CORÍNTIO Para percebermos a divisão na comunidade de Corinto, abordaremos uma parte da literatura sagrada através da 1ª Epistola de Coríntios – passando pelo modo de produção Romano. De forma a trabalhar as memórias em narrativas evangélicas apresentadas por Paulo, inscritas em cartas aos Coríntios. Que foram experiências seguidas de envio e anuncio apostólico, para os seus “irmãos” das comunidades. Pois se sentindo fraco, receoso, considerava-se alguém cheio de tremor, e em uma cidade cosmopolita, pede aos céus a graça de Deus e trabalha em sua Epístola, a sofia, a corporeidade, o Espirito Santo e a sociedade alternativa; transmitindo àqueles a quem chamava de irmãos. Os modos de produção conhecidos são (tribal, primitivo, asiático, feudal, escravista, socialista e capitalista). E em Roma a base econômica no império era o comércio com a exploração do trabalho escravo. Mas além da mão de obra escrava, havia trabalhadores(as) livres: artesãos independentes, camponeses e pescadores que trabalham para garantir o próprio sustento e de suas famílias. Sobre eles, o império fazia pesar sua mão de ferro, exigindo o pagamento de impostos, o trabalho forçado e o serviço militar. Esse modelo econômico produziu grande número de necessitados. Em contrapartida, tanto em Roma como nas províncias do império existia também uma grande leva social rica, onde nobres, aristocratas, sacerdotes, magistrados, juízes, alta classe de administradores e generais, se beneficiam do modelo econômico imperial e mantinha sua riqueza e seus privilégios às custas das camadas mais pobres. Essa elite monopoliza informações para usa las em proveito próprio, assim como os recursos financeiros que o poder central disponibiliza para obras e benfeitorias, manobrando tudo a seu favor. Esse modo de administrar era conhecido pelo nome de patronato, modelo que abrange todas as relações sociais, desde o imperador até os estratos sociais mais pobres. O imperador, como o grande protetor da sociedade, beneficiava os administradores e as elites locais com doações de cargos, títulos de honra e títulos de terras. Dessa forma, criava laços de gratidão, submissão e dependência. O mesmo se dava com os administradores locais e as pessoas ricas de diferentes cidades e províncias, que faziam “pequenos agrados” ao patrono. Devendo honra-lo publicamente respeitando-o na cidade, uma vez que realizava obras em benefício público. Outro recurso que o império romano utilizava para expandir seu poder e manter o controle social era a divinização da imagem do imperador, exibindo-a em moedas, broches, taças, estátuas e altares. É bom lembrar que o título de Augusto, usado pelo imperador, significava “venerável”. Além do sistema patronal e dos cultos oficiais ao imperador, o império romano possuía um exército bem equipado e bem pago, que garantia sua estabilidade. Era o Senatus popolusque romanus ou senado e o povo romano. Tudo isso na história do Império Romano é importante para entender Paulo. - Deuses - Imperador - Senado - Patronato (Equestres – podiam ser os generais, assim como cavaleiros de alto nível ou subiriam de nível) - Plebeus - Livres Paulo Apostolo é uma referência bíblica e para compreende-lo é necessário saber como ele se inseriu neste modo de produção. “Dou incessantemente graças a Deus a vosso respeito. Na verdade, o testemunho de Cristo tornou-se firme em vós” (1Cor 1, 2.6). Paulo é definido como biblista e fundador de comunidades. No vers. 27 “Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte”, temos a chave da compreensão da pequena comunidade (ekklesia). Corinto, além de ser capital da província da Acaia, era também a cidade mais rica da Grécia e uma das mais importantes do império romano. Foi destruída pela primeira vez em 146 a.C. pelo exército de Roma, e foi reconstruída no governo de Júlio César em 44 a.C., passando à condição de colônia. A cidade possuía uma posição geográfica privilegiada, com dois portos: o de Cencreia, que fica no mar Egeu, e o de Laqueu, que dá acesso ao mar Adriático. Podia se fazer a travessia de um porto a outro, embora com grande perigo, pois ventos fortes empurravam as embarcações para um grande paredão rochoso existente no lugar, destruindo-as. E esse problema era resolvido da seguinte forma: quando um navio chegava a um porto, era empurrado por terra (sobre troncos) até chegar ao outro, em um trajeto de seis quilômetros. Este trabalho duro e penoso, era realizado por grande número de escravos. Como cidade de região portuária, é fácil constatar que Corinto era uma cidade essencialmente comercial. O império, por meio de sua política econômica, soube se beneficiar de todas essas atividades: e cobrava, com mãos de ferro, as taxas e impostos, o que levava os pequenos comerciantes e produtores rurais à falência. Os ricos se mantinham, pois eram donos de latifúndios e estavam inseridos na “rede” comercial. Isso fez crescer, cada vez mais, a diferença entre ricos e pobres. Para compreender Paulo é necessário ainda compreender o lugar social, e a sua inspiração, conversão e convicção em Jesus Cristo como o Filho de Deus. Os cristãos da comunidade de Corinto de origem judaica, chamados de judaizantes, ainda carregavam crenças e costumes trazidos do judaísmo. Por isso, tinham escrúpulos em compartilhar refeições com cristãos de origem grega, com receio de se tornar impuros. Em Antioquia, já havia ocorrido um conflito entre Paulo, Pedro e Barnabé pelo mesmo motivo (Gl 2,1-14). Na ocasião, Paulo tomou uma posição mais livre e não concordou em impor costumes judaicos aos cristãos de outra cultura. O grupo de Pedro parecia estar apegado às tradições judaicas. Enquanto o modelo do império excluía, marginalizava, escravizava, e dividia a sociedade em classes, priorizando o lucro, a luta pelo poder e por status social, a comunidade cristã deveria incluir, partilhar, promover, integrar, a igualdade social, a fraternidade, a solidariedade e o amor. E os fracos eram os mais necessários na ekklesia (pequena comunidade) e Paulo era muito firme com todos eles, e mostrava que a divisão deveria ser superada cap. 12 -25 “a fim de que não haja divisão no corpo, mas os membros tenham igual solicitude uns com os outros.” E os chamava de Adelfoi = irmão. Este era um termo colocado por Paulo em Cor. 1. 10. Para ele, estava muito claro que o projeto alternativo do evangelho de Jesus crucificado passava necessariamente por essas novas relações sociais. Em 1Cor 6,1-8,. A comunidade de Corinto passava por contendas internas, e por isso alguns membros denunciavam os seus próprios irmãos nos tribunais iníquos da cidade. Paulo condenava severamente essa atitude: “como vocês podem constituir juízes àqueles que a Igreja despreza?” (1Cor 6,4). Como é que um tribunal corrupto pode julgar a causa dos santos? Paulo dizia à comunidade que rompesse com esses tribunais e escolhessem pessoas entre os seus, para julgar as causas da comunidade. E chegou a exigir dos pobres, vis e excluídos uma ruptura com a sociedade opressora e corrupta. E em uma de suas cartas aos Coríntios ele deixou: 1 Cor. 26 a 31 26 Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. 27 Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; 28 E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; 29 Para que nenhuma carne se glorie perante ele. 30 Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; 31 Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor. A divergência em opiniões fez com que acontecesse a divisão do Patronato em cada região haviam pessoas de diferentes pensamentos e situações, o que acabou por criar contendas entre aqueles que faziam parte do patronato na igreja de Corinto. E Paulo então deixou registrado no capitulo 1.10-13. 10 Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer. 11 Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. 12 Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. 13 Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo? O espírito mundano instalado no interior de cada um, acabava por causar dissensões nas igrejas e no capítulo 3.3-7 da Primeira Carta aos Corintios, Paulo mostra como o importante é o que vem de Deus, pois é Ele que dá o crescimento. 3 Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? 4 Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? 5 Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o SENHOR deu a cada um? 6 Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. 7 Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Embora Paulo fosse um trovão quando a coisa não caminhava, ele também respeitava muito a diversidade. Ele pregava nas praças públicas (ágora) anunciando seu pensamento. Deixando muito claro no vers 4 seu ideal em demonstrar o espirito e o poder em Deus. “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder”. A diversidade é a dialética da vida – ela é vital para a vida em movimento. A Ekklesia de Corinto = dividia-se em: esclarecidos e espiritualistas glossolálicos (falavam várias línguas) pobres e escravos Aproveitando-se da camada pela qual ele pertencia, não hesitava e não temia anunciar a Jesus de Nazaré, o crucificado. Ao contrário, considerava-se o último dos chamados por Jesus. Não hesitava, porém, em se propor como exemplo a ser seguido; não como mérito, mas para mostrar que seguir a Jesus crucificado exige transparência, desapego e coerência. Esta era sua verdadeira estratégias, falar de como ocupava o seu tempo e envolvia as pessoas que trabalhavam com ele, como as respeitava e encorajava, como planejava, como rezava, como amava as comunidades. Toda a sua vida estava voltada para esta missão. Parece que não descansava nunca. Segundo alguns autores, Paulo respirava o evangelho. Era um apaixonado pela mensagem de Jesus. Mas não era nada fácil manter estas convicções às massas populares, pois o império investia fortemente em propaganda no intuito de convencer os povos de que o mundo estava vivendo grande momento de paz: a pax romana. Dizia-se: “Não há nada que o homem possa desejar dos deuses que Augusto, o rei de Roma, não possa conceder ao mundo”. Ainda completavam este círculo, o culto às divindades greco-romanas e ao imperador, que em tempos de crise se intensificavam, além de um poderoso e bem treinado exército. Se, por um lado, o modo de produção escravagista respondia pelos produtos para o livre comércio, por outro, produzia uma multidão cada vez maior de pobres, doentes e famintos. Como indica o próprio nome desse modelo (escravista), era sustentado sobretudo por escravos. Uma multidão insatisfeita à espera e à procura de propostas alternativas. Essa insatisfação se manifestava nas constantes revoltas, sempre reprimidas com extrema violência: torturas, humilhações públicas, e até crucificações. As principais vias eram os lugares prediletos para expor os corpos crucificados dos revoltosos. E era nesse ambiente que Paulo se movia com muita desenvoltura comercial greco-romano. Tendo nascido em Tarso, na Cilícia, conforme os Atos dos Apóstolos (At 22,3), viveu grande parte da sua vida nas cidades greco-romanas. Por isso devia saber falar muito bem a língua grega e conhecer os arranjos desse mundo. Uma das marcas do apóstolo foi a transformação que ele sofreu em sua vida pessoal (At 9,1-9; 22,1-11; 26,9-18), normalmente conhecida como “a conversão de Paulo”. O mais certo é considerar que o testemunho dos cristãos perseguidos, particularmente os martírios, como o de Estêvão (cf. At 6,8-8,4), causaram grande impacto na vida de Paulo. No entanto, a maior mudança que ele sofreu não foi a de judeu zeloso para cristão fervoroso, mas a de posição social. De homem respeitado, da tribo de Benjamim, educado aos pés de Gamaliel, cheio de zelo pela Lei e possível cidadão romano e membro do Sinédrio (At 16,37; 22,1-3.35; 26,10), Paulo assumiu a condição de desempregado, pobre, perseguido, humilhado, sem segurança, sem casa, membro de uma seita que vivia à margem da sociedade. Para garantir seu sustento, sujeitou-se ao trabalho manual (1Cr 4,12; At 20,34) relegado aos escravos e considerado vergonhoso pela mentalidade greco-romana. Enfim, a maior mudança que ele sofreu foi a mudança sociológica. Essa mudança, influenciou muito a Paulo em sua estratégia pastoral. Em At 17,16-34 Paulo se encontra em Atenas, a espera da chegada de Silas e Timóteo, percorre toda cidade no intuito de anunciar Jesus, e depois à praça pública ou ágora, onde os filósofos debatiam entre si e outros buscavam aí as novidades. Ele também vai à praça para “vender seu peixe”. E é convidado a expor a sua nova doutrina no areópago, que outrora era o tribunal de Atenas. Fundamentando bem os seus argumentos, inicia o seu discurso diante dos magistrados. No entanto, sua estratégia de convencer os cidadãos atenienses em seu terreno, não dá resultado. Nem lhe permitem terminar o discurso. Foi um fracasso. Totalmente frustrado com Atenas e seu povo, Paulo se dirige à cidade de Corinto e vai morar com o casal Priscila e Áquila, exercendo a mesma profissão que eles (At 18,1-3). Em Atenas, Paulo queria ser filósofo; já em Corinto, vai ser fabricante de tendas. Em Corinto, Paulo tem sucesso. Com o aprendizado trazido de Atenas, em Corinto ele não se apresenta com o “prestígio da palavra ou da sabedoria para anunciar o mistério de Deus, sua pregação nada tinha de discurso persuasivo da sabedoria, mais trazia claro o objetivo de enaltecer não a sabedoria dos homens, mas o poder e grandiosidade de Deus. E diferentemente do ocorrido em Atenas, muitos acolhem e entendem a mensagem de Jesus crucificado. Ali, Paulo consegue organizar uma grande comunidade, algo que não conseguiu em Atenas. Obviamente, nessa comunidade, não há muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos ou de famílias de prestígio. O que lhe dá a oportunidade de conhecer naqueles irmãos o próprio Jesus crucificado. Quando vai morar com as famílias, trabalhar com elas viver a experiência como elas, passar fome, insegurança, sofrer desprezo e perseguição, as pessoas começam a entendê-lo. E ele começa a entender as pessoas. Ou seja, quando se torna pobre entre os pobres e excluídos, aí está o segredo da estratégia pastoral de Paulo. A linguagem da cruz era entendida pelos pobres, sem nenhuma necessidade de grandes filosofias. Aliás, a sabedoria da linguagem e a cruz não são compatíveis: “Cristo me enviou para anunciar o evangelho sem recorrer à sabedoria do discurso, para não tornar inútil a cruz de Cristo” (1Cor 1,17). Os pobres e marginalizados têm necessidades diferentes das apresentadas pelos que estão bem instalados: “os judeus pedem sinais e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Cor 1,22-23). Para chegar a essa conclusão, Paulo teve de viver primeiro a experiência do fracasso no areópago de Atenas e do desprezo de seus compatriotas nas sinagogas, para então sentir-se acolhido em igual condição pelos sofredores do mundo, pelos “descartáveis” da humanidade. Em 1Cor 4,11-13: ele disse “Até a presente hora sofremos fome, sede e vestimos trapos. Somos esbofeteados e não temos morada certa; nos afadigamos trabalhando com as próprias mãos; somos insultados e bendizemos, perseguidos e suportamos; somos difamados e consolamos. Até agora nos tornamos como o lixo do mundo, a escória de todos”. Foi necessário viver esta grande mudança, para de fato mudar de vida em Jesus Cristo. Viver o evangelho. Paulo gostava do que fazia, estava totalmente convicto da sua missão, não exigia pagamento ou qualquer tipo de remuneração. Nem sequer quando estava em situações de dificuldade extrema. Mas nem tudo era luz, pois entre os seus membros havia uma competição para saber quem era superior ao outro. Esse era um problema comum nas primeiras comunidades cristãs. A competição por status social estava na ordem do dia e vinha direto de Roma. Essa mentalidade invadia as pequenas comunidades que não conseguia ficar isentas da influência do resto da sociedade. E Paulo chama a sua atenção, apresentando como exemplo o próprio Jesus, e para isso fazia uso de um dos hinos mais bonitos de suas cartas: Fl 2,6-11. O hino mostra como Jesus, sendo Deus, não se apegou a essa condição, mas esvaziou-se a si mesmo, tomou a condição de servo, assemelhou-se aos homens, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Esse exemplo de Jesus desarma qualquer argumento. Não há como não entender isso. Paulo continuava indo às sinagogas para falar de Jesus, mas as comunidades nasciam fora dela, nas casas. Assim, também como Jesus, que gostava de frequentar as casas. A casa dá um contorno próprio à comunidade. A hospitalidade, o afeto, o carinho da casa permitem que as pessoas se sintam à vontade. Nela se conhece como a pessoa é, o que ela faz, como vive, o que come diferentemente do templo, onde se conhece a aparência da pessoa. Na casa as relações não passam necessariamente pelo poder, mas pela fraternidade, pela irmandade e pela filiação. Os primeiros seguidores e seguidoras de Jesus não pertencem ao clero do judaísmo. São pescadores, em sua maioria. Quando a Igreja primitiva começa a criar pequena estrutura, tendo à frente os apóstolos, particularmente Tiago, Pedro e João, são os não pertencentes à hierarquia os principais responsáveis pela divulgação do evangelho. E as comunidades vão dando o contorno à Igreja. O cristianismo, portanto, não vai se formando de dentro para fora, mas de fora para dentro. Os cristãos se dispersaram para os diferentes lugares, cidades e países encontraram culturas e religiosidades distintas e, no contato com elas, formaram as comunidades, cada uma com sua própria experiência. Isto é, a mensagem de Jesus não vem pronta e empacotada, mas vai sendo gestada com base nas culturas aonde os dispersos chegam. Isso obviamente gerou grandes conflitos entre as comunidades nascentes, coordenadas pelo novo discipulado, e a comunidade mãe de Jerusalém, encabeçada pelos apóstolos. O novo, porém, sempre gera conflito. O importante é superá-lo sem romper. Um fato interessante é que, das 30 pessoas que Paulo saúda ou recomenda, 11 são mulheres. Além do já conhecido casal de lideranças, Priscila e Áquila, há entre elas uma mulher de nome Febe. Ela é diaconisa da Igreja de Cencreia e é enviada por Paulo para expor e debater, em seu lugar, o conteúdo da carta com a comunidade. Na lista ainda chama a atenção um casal, Andrônico e Júnia. Eles são apóstolos, precederam Paulo na fé e foram seus companheiros de prisão. Outro aspecto decisivo da ação pastoral de Paulo foi a insistência no projeto alternativo que a comunidade cristã deveria construir. Outra experiência que expressa a diferença entre a comunidade cristã e o resto da sociedade é a Ceia do Senhor. Enquanto, nos banquetes aos ídolos, as pessoas mais importantes ocupavam os primeiros lugares e comiam as melhores comidas, na Ceia do Senhor todos os membros da comunidade participavam sem distinção e preferência. Mesmo os que não tinham com que contribuir, como os mais pobres, os escravos, também sentavam à mesa e partilhavam do alimento. Obviamente isso não era muito fácil. Mas se a Ceia do Senhor é a expressão máxima do projeto da solidariedade e do amor anunciado por Jesus Cristo, os banquetes aos ídolos são a expressão máxima do sistema opressor que matou Jesus Cristo e persegue as comunidades. Por Corinto, além de Paulo, passam outros missionários. Alguns membros da comunidade começam a formar “grupinhos” em torno de um pregador. Os “de Paulo”. Esse grupo parece ser de cristãos fiéis a Paulo, na qualidade de fundador da comunidade, e se identifica com o seu modo de viver o evangelho. Então Paulo aponta uma saída para a superação dos conflitos: escolher Jesus crucificado como fundamento da comunidade. No Crucificado, Deus inverte a lógica do “mundo” e propõe outra: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado” (Lc 10,21). Com isso Paulo deixava claro que se formos semelhantes a Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a Ele pela sua ressureição. E assim seremos destruído para o pecado e vivos para Deus. BIBLIOGRAFIA BORTOLINI, José. Como ler a PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS – superar os conflitos em comunidade. CARREZ, Maurice. Primeira epístola aos Coríntios. São Paulo: Paulus, 1993. CROSSAN, J. D.; REED, J. L. Em busca de Paulo. São Paulo: Paulinas, 2007. FIORENZA, Elisabeth S. As origens cristãs a partir da mulher: uma nova hermenêutica. São Paulo: Paulus, 1992. HORSLEY, Richard A. Paulo e o império: religião e poder na sociedade imperial romana. São Paulo: Paulus, 2004. REIMER, Ivoni Richter. Maria Jesus e Paulo com as mulheres – textos, interpretações e história. WHITE, Ellen G. Atos dos Apóstolos A Igreja que transformou o mundo.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A Religião na rebelião, resistência e Movimentos Sociais

Lázara Alzira de Freitas A Religião na rebelião, resistência e Movimentos Sociais Sharon Erickson Nepstad & Rhys H. Williams As conexões, teórica e empiricamente, entre religião e mudança social ocuparam muitos dos mais proeminentes pensadores da sociologia. Sociologia nasceu com o advento da sociedade industrial da Europa e o papel da religião na sociedade essas mudanças foram considerado importante, mesmo pelos teóricos sociais não pessoalmente religiosos - em muitos casos, especialmente por pensadores e escritores não pessoalmente religiosos. Mas a sociologia tem muitas das suas raízes intelectuais no Iluminismo e geralmente privilégios razão sobre a emoção, o empirismo sobre revelação e progresso ao longo da tradição. Além disso, muitas autoridades religiosas estabelecidas eram hostis ao desenvolvimento e à difusão do estudo científico da sociedade, em parte devido à sua convicção de que a filosofia moral era a melhor maneira de ordenar as relações sociais, e, em parte devido a seus interesses institucionais em ser árbitros sociais si. Assim, em muitas perspectivas sociológicas, a religião é normalmente parte da formação social. Mas, se a religião é, portanto, um modo de ação, é também um modo de pensamento não diferente em espécie daquela exercida pela ciência. Como a ciência, por exemplo, a religião reflete sobre a natureza, do homem e da sociedade, as tentativas de classificar as coisas, relaciona-las umas aos outros, e explica-los, e como vimos, até mesmo as categorias mais essenciais do pensamento científico são de origem religiosa. O pensamento científico, em suma, é apenas uma forma mais perfeita do pensamento religioso, e Durkheim, assim, senti que o último seria gradualmente ceder antes que os avanços inexoráveis da antiga, incluindo os avanços nas ciências sociais que se estendem para o estudo científico da própria religião . Na medida em que continua a ser um modo de ação , no entanto, a religião vai suportar, embora sob formas ainda imprevistas. Em Formas Elementares , Durkheim explicou que ele estava usando aborígines para ilustrar sua teoria, porque eles eram a sociedade mais simples conhecido. Viu-os como exemplos de evolução - precursores para formas mais complexas. O totemismo, Durkheim afirmou, foi a primeira forma de religião. Tudo o que veio depois foi construído sobre uma base de totemismo, que tinha sido universal entre os humanos em algum ponto distante no passado evolutivo cultural. De tão simples, um começo, as grandes religiões tinham evoluído em inúmeras formas e cada vez mais complexos. Esta longa efusão Durkheimian e etnografia estrutural-funcional solicitado Clifford Geertz para observar famosa, em 1973, que a antropologia da religião estava em "um estado de estagnação geral" e não houve avanços teóricos desde Durkheim. Enquanto isso não era totalmente correta (por razões que mais tarde irá explicar), sua frustração era compreensível. Todas estas etnografias tinha, sem dúvida, foi empiricamente enriquecedora, mas eles fizeram pouco para melhorar a nossa compreensão da religião. . Como revigorante como a crítica de Geertz foi, ignorado um ponto crítico: o domínio teórico de Durkheim, expressa mais enfaticamente no estrutural-funcionalismo, mas assumida pela maioria para ser correto, não era uma ruptura com o evolucionismo. Durkheim não tinha problema com a evolução e na verdade era um evolucionista cultural. Ele simplesmente não se importou com a teorização evolucionária dos primeiros antropólogos. Foi muito focada em pessoas, mentes e idéias ou doutrinas. Mudando o foco para os coletivos, emoções e práticas ou rituais, Durkheim não rejeitou a teoria da evolução. Ele transformou-a, usando a religião como seu instrumento. Já Weber, escreveu que o capitalismo na Europa do Norte evoluiu quando os protestantes (especialmente calvinista ) influenciaram um grande número de pessoas de trabalhar no mundo secular, desenvolvendo as suas próprias empresas e se engajar em comércio e da acumulação de riqueza para investimento. Em outras palavras, a ética protestante do trabalho foi uma força importante por trás do não planejada e descoordenadaação de massa que influenciaram o desenvolvimento do capitalismo . Essa idéia também é conhecida como a "tese Ética Protestante". Weber observa que esta não é uma filosofia de mera ambição, mas uma declaração carregada de linguagem moral. Kertzer 1988, diz que os rituais são ordenados, por terem um começo, meio e fim e tendem a ser menos favorável à modificação ou extinção de hábitos é um importante ritual de legitimação nas nações modernas . E mesmo que os políticos se esforçam para impor para o público a natureza transparente e desinibida dos papéis que assumem, quando examinado em um nível mais profundo e com um olhar curioso, pode-se concluir que a moderna política rituais, particularmente as eleições, compartilham características essenciais com rituais antigos de instalações e sucessões. Kertzer observou para expandir ainda mais sobre essa noção de conexão do ritual de emoções, podemos transformar argumenta que a teoria da solidariedade de Durkheim não resolver o conflito social e, portanto, ignora as mudanças políticas, como a solidariedade é afetado por rituais ou como rituais ficar afetado ao longo do tempo por essas mesmas dinâmicas e mecanismos de mudança. Independentemente de algumas das suas deficiências, a teoria da solidariedade de Durkheim nos fornece uma forma significativa e elaborada de explicar algumas das principais forças que afetam individuais atitude para com os rituais e o papel que os rituais têm na sociedade em que gera É preciso, pois, tentar alcançar a compreensão do conceito de hegemonia proposto por Gramsci. A hegemonia seria a capacidade de um grupo social unificar em torno de seu projeto político um bloco mais amplo não homogêneo, marcado por contradições de classe. O grupo ou classe que lidera este bloco é hegemônico porque consegue ir além de seus interesses econômicos imediatos, para manter articuladas forças heterogêneas, numa ação essencialmente política, que impeça a irrupção dos contrastes existentes entre elas. Logo, a hegemonia é algo que se conquista por meio da direção política e do consenso e não mediante a coerção. Pressupõe, além da ação política, a constituição de uma determinada moral, de uma concepção de mundo, numa ação que envolve questões de ordem cultural, na intenção de que seja instaurado um “acordo coletivo” através da introjeção da mensagem simbólica, produzindo consciências falantes, sujeitos que sentem a vivência ideológica como sua verdade. O pensamento político e ideológico, dessa forma, apresenta-se como uma realidade prática, porque, ao ser compreendido e aceito pelos atores sociais, torna-se poder material, converte-se em ação prática, ou, mais precisamente, em práxisvi. Alguns sociólogos da religião, nomeadamente Rhys Williams, tentaram ligar a religião para o diálogo entre a sociologia acelerando cultural e teoria do movimento social. Williams (1994) defende a utilidade de se aproximar a ideologia do movimento social como um conjunto de recursos culturais que são contextuais e público.Tomando a retórica sobre o "bem público", como um exemplo de um recurso cultural importante para os movimentos sociais, ele apresenta três tipos ideais: o modelo "aliança" derivada da concepção religiosa EUA tradicional da "comunidade moral", a "contratual" modelo, que usa a linguagem de "direitos", e o modelo "mordomia" que floresce em muitas igrejas e denominações dos Estados Unidos, que emprega uma linguagem de deveres comuns. De maneira semelhante, examinar os temas "civis religiosas" em retórica política norte-americana através de uma análise da retórica religiosa no populismo americano do século XIX tarde. Assim sendo, usamos a apartheid para exemplificar que as religiões contribuíram com os movimentos sociais e suas resistências. A cultura religiosa recebe criticas na atualidade. O conhecimento social e elementos sociais como música, símbolos rituais e identidades coletivas formam a solidariedade e a participação fiel das causas de tudo. Finalmente, a religião talvez é a única legislação no espaço institucional e cultural da sociedade. Atos religiosos são frequentemente concessão do beneficio da dúvida e as autoridades politicas tem problemas em justificar o que eles fazem. Como são limitados os três casos a leitura baseada na fé resistente em outras partes do mundo e indicada para se proteger, e envolver e causar revolta, por isso não é surpreendente com o movimento político Islâmico. Como também a realidade europeia, inúmeros estudos exploraram o papel do Cristianismo em conflito com a Irlanda. A religião pode provocar ou nutrir movimentos de organizações culturais respectivas ao ambiente. No exame de ações coletivas não analisamos aqui nenhum elemento que poderá explicar ou prever as bases religiosas em ações coletivas, isso acontece nos contextos sociais onde o Cristianismo não é a religião da cultura dominante. As religiões, portanto, são importantes papeis e já não são negligenciadas pelos estudiosos de ambos os movimentos sociais religiosos.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

FRACASSO ESCOLAR: PROBLEMATIZANDO RESPONSABILIDADES DO ENSINO/APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA- Artigo de Teodoro Gonçalves

FRACASSO ESCOLAR: PROBLEMATIZANDO RESPONSABILIDADES DO ENSINO/APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA Teodoro Gonçalves Silva Orientadora: Profª. Dra. Libertad Borges Bittecourt Resumo: O presente artigo tem por finalidade problematizar as causas e as possíveis soluções para o fracasso escolar, buscando examinar também o papel que se atribui à escola, ao educador e à sociedade nesse processo, incluindo a analise de fatores internos e externos à instituição de ensino. A metodologia adotada será a pesquisa bibliográfica. Espera-se, como resultado, compreender a problemática que envolve o fracasso escolar, apontado pelos autores arrolados para debater o assunto, objetivando instigar o debate tanto por parte da sociedade quanto pelos profissionais da área a respeito do tema. Palavras-chave: História, ensino e fracasso escolar Abstract: This article updates by O tem problematize Propose as causes and as Possíveis or school fracasso soluções for seeking review or paper também attributable à escola, educator and à sociedade ao processo nesse, incluindo to analise internal and external fatores à instituição of ensino. A methodology will be to adotada bibliographic research. Wait, is, as a result, problems that compreender to evolve or school fracasso, apontado hairs for authors arrolados debater or assunto, aiming to incite or debate both by da sociedade da quanto hairs profissionais area respeito do it. Keywords: History, teaching and school failure A história, como uma ciência histórica que é produzida ou faz menção à historia em processo, seus progressos e avanços na busca de rigor cientifico, questionando as verdades absolutas e passando pela História da Educação brasileira, possibilitará o estabelecimento de uma analise a respeito da problemática do fracasso escolar, questão que aqui examinaremos.Esta não pode ser analisada sem a contribuição de autores que são referência na área educativa e suas principais obras a respeito do tema em debate. Como licenciado em História e na condição de aluno do curso de Especialização em Historia Cultural considero de suma importância suscitar o debate sobre o baixo rendimento escolar e as problemáticas disso decorrentes, para que se possam encontrar soluções ou meio de enfrentar a questão na pratica educativa. Pretende-se investigar os fatores internos e externos ao ambiente escolar, que podem levar ao fracasso. Observando que a falta de interesse para a formação de profissionais da educação ampliou-se devido à má remuneração e desqualificação da atividade docente e pouco investimento na área educativa. Nesse sentido, especialistas assinalam que o fracasso pode estar relacionado a uma serie de questões como à má formação dos profissionais da educação e também às grandes disparidades econômicas e sociais que influenciam no processo de ensino e aprendizagem dos discentes em todos os estados brasileiros. Nesse passo, Paulo Freire destaca a necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola, visto ser ele um ser social-histórico. Define essa postura como ética e defende a ideia de que o educador deve buscar essa ética, a qual chama de "ética universal do ser humano" (FREIRE, 1996, p.16). Afirma ainda que "não há docência sem discência" (FREIRE, 1996, p.23), pois "quem forma se reforma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado" (FREIRE, 1996, p.25). Ao mesmo tempo reitera que "quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender" (FREIRE, 1996, p.25). O autor propõe uma educação de parcerias professor x alunos. Uma perspectiva interessante, pois talvez esteja ai uma das razões do fracasso escolar ou do não aprendizado desejado, seja pelo fato do professor não falar muitas vezes a linguagem do aluno e este não entender a linguagem do professor. Ainda segundo Freire, a realidade do aluno não deve ser desconhecida para o professor; quando este não produz, não demonstra interesse pela aula e assim por diante; é papel do professor, além de transmitir o conhecimento, se preocupar com esta questão. Para Freire, a profissão de educador requer aceitar os riscos do desafio do novo, enquanto inovador, enriquecedor e rejeitar quaisquer formas de discriminação que separe as pessoas em raça, classes. Acima de tudo, ensinar exige respeito à autonomia do educando, tópico muito mencionado, mas efetivamente pouco considerado. Freire defende ainda que não se poderá separar "prática de teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor aos alunos, ensinar à aprender" (FREIRE, 1996, p.106 a 107). E insiste na "especificidade humana do ensino, enquanto competência profissional e generosidade pessoal, sem autoritarismos e arrogância. Só assim, nascerá um clima de respeito mutuo e disciplina saudável entre a autoridade docente e as liberdades dos alunos, reinventando o ser humano na aprendizagem de sua autonomia" (FREIRE, 1996, p.105). Na escola e na vida encontram-se a multiplicidade de sujeitos e modo de viver, pensar e ser. Mas se encontra também características e marcas que identificam como seres humanos, pertencentes a um período histórico, a uma região geográfica e a tantas outras classificações. E sendo sujeitos culturais, criam-se vínculos, sentimentos, mundos, literaturas, modas, arte etc. Tudo enreda e diz que mesmo sem caminhos traçados constroem-se historias e cultura que enraízam, envolvem e identificam a escola. Sendo, portanto, lugar de encontro de muitas pessoas, lugar de conflitos. É na tensão viva e dinâmica desse movimento que se organiza a principal função social da escola: ensinar e aprender para professores, crianças, funcionários, famílias. É importante que na passagem do ensino fundamental para o médio não haja rupturas no processo de ensino–aprendizagem, mas que haja continuidade. Relacionar as atividades do cotidiano de suas casas e espaços próximos, também aprendendo e dando sentidos à realidade viva do mundo que as cerca, com cuidado para a compreensão de tal fator. É essencial que elas possam sentir a escola como um espaço diferente de seus lares, visto que aquele se organiza como espaço publico e não privado como a casa, se sintam acolhidas e também possam continuar aprendendo criativamente. Assim a escola pode ser um lugar de afirmação do que as crianças e os adolescentes necessitam e sabem ao mesmo tempo que os leva a mudanças significativas, podendo enxergar novas possibilidades de vida. Maria Helena Sousa Patto (1999) define algumas possíveis causas do fracasso escolar:  A inadequação da escola decorre principalmente de sua má qualidade, da representação negativa que os seus profissionais tem da capacidade dos alunos, consequência da desvalorização social, dos seus usuários mais empobrecidos;  O fracasso da escola pública elementar é o resultado inevitável de um sistema educacional congenitamente gerador de obstáculos e realização de seus objetivos;  Esse fracasso é administrado por um discurso cientifico estudado em sua competência, naturaliza esse fracasso aos olhos de todos os envolvidos nesse processo.  A rebeldia pulsa no corpo da escola e contradição é uma constante no discurso de todos os envolvidos no processo educativo sob uma aparente impessoalidade, pode- se captar a ação constante da subjetividade: burocracia não tem o poder de eliminar o sujeito; pode, no máximo, amordaçá–lo. Em face disso, o ensino da Historia, portanto, não pode ignorar a realidade da interação aluno e professor, como assinalado: Como afirmamos em outro momento, e pela é na interação sujeito (professor e aluno) - objeto e realidade, a partir da pratica social do presente que se constrói o conhecimento novo, mesmo que este objeto se situe, e epistemologicamente, no passado. A reconstituição do passado não escapa da avaliação do presente, da mesma forma que a compreensão do presente em construção esta comprometida com o seu passado (HORN & GERMINARI, 2010, p.64). Assim, o conhecimento novo da historia a ser construído será o resultado desse processo da reconstituição do passado, que não deve escapar à avaliação do presente, reiterando que a compreensão do presente se relaciona com o passado. Passado, presente e futuro não são indissociáveis, em uma dialética desejável: Na realidade, a analise sobre o saber escolar em geral é, em particular, do ensino, da forma que é apresentada por Saviani, coloca-nos diante de um outro desafio, ou seja, o de compreendê-los a partir dos dois métodos básicos da produção do conhecimento: a lógica formal e a lógica dialética. Principalmente, por que servem de referencial de analise para localizar epistemologicamente a questão metodológica (HORN & GERMINARI 2010, p. 69). Essa questão, portanto, é desafiante, para não se perder de vista que o ensino e aprendizado são dinâmicos. Sob essa perspectiva, a História, nos dia de hoje, também constitui um campo de estudo bastante especializado, dedicado à produção de um saber especifico para o qual tem concorrido praticas e conceitos que devem ser apreendidos pelos historiadores em formação (BARROS, 2011). Assim, de acordo com o autor, o aprendizado da Historia, como de qualquer ciência, precisa formar o historiador como deve ser formado o bom médico o advogado ou outro qualquer profissional especializado: Assim, a luta do historiador e/ ou professor de Historia (...) é a luta contra a injustiça a favor da justiça social sem exageros, e sem querer transformar o professor num 'justiceiro implacável'. O professor pode muito, mas não pode tudo. É, o ensino de Historia não pode se confundir com a letra da lei, nem com matérias didáticos, nem com a reprodução mecânica de clássicos da historiografia brasileira, nem mesmo com operações que passem exclusivamente pelo árbitro burocrático docente (...). a proposta do autor citado é a de que a Historia romperá com o processo de exclusão quando encarar que toda pessoa é potencialmente um ser critico e criativo, capaz de pensar e não meramente produzir (SILVA, www.faced.ufu.br, acessado em 06/08/2013). A autora enfatiza que o ensino de História deve propiciar e despertar no aprendiz uma consciência histórica- critica e fazê-lo despertar para a sua postura cidadã; isto é, levá-lo a ser alguém menos manipulado socialmente e, mais, levá-lo a ocupar seu espaço no mundo, como sujeito histórico. Por sua vez de acordo com PINSKY (2009): “esmagado duplamente, de um lado pelo herói, do outro pelo ‘processo’ do qual era vítima passiva, o homem começa a ser descoberto como agente real da história, como aquele que atua para que ela possa ocorrer”. (p. 6). Pinsky assinala esse tópico a respeito da história; o homem em muitas circunstâncias teve que calar-se, ocultando o pensado e sentido. Nessa mesma reflexão, Freire, quando afirma que o aluno deve ser escutado, reitera que ele precisa expressar-se em sala de aula, tem a mesma conotação do homem na história. Quem se expressa historicamente não é, na maioria das vezes, o homem que faz a história acontecer. Na sala de aula, com frequência, o aluno que não tem voz e vez, inibe-se. O que “sabe mais” sobressai. Esta colocação, evidentemente, quer fazer um paralelo com a afirmação pinskiana e a posição de Freire em relação à voz do aluno. Muitas vezes, o saber pode ficar silenciado na sala de aula e na vida: “sabe mais quem fala mais?” PINSKY menciona o silêncio da mídia em relação ao que é mais importante na história e se volta para aquilo que chama mais a atenção, mas que tem, historicamente, importância secundária. O aluno em sala de aula, que tem dificuldade de se expressar, está verbalizando seus conhecimentos, não pode ser considerado a figura menos importante no processo da aprendizagem. O ensino da história como qualquer outra ciência, deverá ser um ensino não afeito ao pitoresco, mas o mais possível próximo do real. De acordo com o autor, falando do ensino da história do Brasil: “Essas concepções ficaram a tal ponto arraigadas, de tal maneira elas continuam sendo reproduzidas pelos manuais didáticos, que se torna difícil mostrar aos estudantes que são falácias, representações decorrentes de uma visão ideológica” (PINSKY, 2009, 13). O papel daquele que ensina história, que forma consciências para um amanhã da história com mais informações confiáveis e ampliadas, é transpor didaticamente aquilo que conhece e sabe para que o aprendiz forme-se tendo mais habilidade para saber distinguir aquilo que recebe e receberá, sabendo questionar e não permanecer numa postura e atitude dogmáticas. De acordo com CHEVALLARD, Um conteúdo de saber que tenha sido definido como saber a ensinar, sofre, a partir de então, um conjunto de transformações adaptativas que irão torná-lo apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O trabalho que faz de um objeto saber a ensinar, um objeto de ensino, é chamado transposição didática. (CHEVALLARD, Yves.Transposição Didática, Rio de Janeiro. Disponível em: WWW.dbd.puc-rio.br, p.45 Acesso em 12/08/2013) A necessidade de adaptação do conhecimento, no que diz respeito a ensiná-lo de modo amplo, é considerada unânime no campo educacional, tanto no que se refere aos trabalhos teóricos, quanto na prática cotidiana nas relações de ensino e aprendizagem. De acordo com a afirmação acima, é função daquele que ensina história tornar-se um facilitador para que o ensino e a aprendizagem se tornem menos áridos. Nesse sentido, é importante enfatizar que a função pedagógica é buscar metodologias para facilitar e mediar a apreensão dos conteúdos. De acordo com PINSKY (2009), ao lidar com a história nada pode ser deixado de lado ou encoberto; é o que ele fala de Varnhagen, quando este tratou da História do Brasil, reforçando estereótipos difíceis de serem superados nos livros didáticos. Por isso é necessário atenção e espírito investigativo, para que, na medida do possível, nada da narrativa histórica seja deixado à margem ou “encoberta”: O que nos interessa aqui é perceber que algumas ideias básicas de Varnhagen, relativamente ao surgimento da nação, acabaram se tornando lugar-comum e aparecendo como fatos indiscutíveis em praticamente todas as obras didáticas posteriores, até hoje. Ao falar do sentimento nativista, do estrangeiro explorador, da unificação nacional além e acima das desavenças eventuais, passa-se ao aluno uma visão de mundo que tem a ver com o seu presente e não com o passado supostamente narrado com objetividade. Integra-se o aluno numa corrente secular de pertinência e identidade que inclui, ao mesmo tempo, a luta contra os holandeses em Guararapes, contra os italianos e argentinos no futebol, contra os adversários de nossos pilotos nos circuitos automobilísticos, e contra os inimigos eternos que, com “ideologias exóticas” pretendem solapar a unidade nacional (PINSKY, 2009, 16 a17). Apenas olhando a História pelo retrovisor do carro (expressão que usei na minha monografia, concluindo o curso de história, e também usei essa expressão em sala de aula), é que se pode aos poucos ir vislumbrando a dimensão dos eventos. Os óculos escuros pelos quais enxergamos e como a História nos é contada muitas vezes impedem-nos de uma visão mais apropriada dos acontecimentos. Cada um tem o seu olhar, sua postura e ideologia, pois cada um bebe em fontes diferentes. Sob essa concepçao, PINSKY (2009), ao tratar da escravidão no Brasil, assinala que muitas leituras desse processo apontam que “esta teve um caráter benigno, graças ao espírito generoso do português”. (p.18-19), escamoteando as tensões e a violência que perpassaram o processo. Pode se depreender das suas colocações que negar o problema, negar o preconceito em relação ao negro, ou ao pobre, ou qualquer outro grupo ou realidade, é guardar o fantasma e evitar-se a luta contra o que não está no seu devido lugar. Negar a realidade fica aparentemente mais fácil do que enfrentar os problemas; contudo, agindo assim, não se contribui para que a realidade histórico-social e política supere o alijamento desses segmentos sociais. Reforça-se também o argumento de que, em muitas circunstâncias, a história que o indivíduo aprende está muito descolada do seu contexto pessoal e social, pois esta é construída pelos ideólogos, (uma história produzida em gabinetes) e não a história real, que está mais próxima da pessoa. Sobre esse aspecto, é preciso assinalar que isto ocorre não somente em relação à história, mas em relação às ciências em geral, principalmente às ciências sociais. O acesso generalizado à informação tem mudado também as concepções didáticas: Isto se deve porque até 1940, o acesso à escola pela grande maioria da população, ficava muito aquém; a partir de 1950, isto foi sendo melhorado, com maior participação da população na vida estudantil e, uma visão mais aberta e crítica foi sendo formada (PINSKY, 2009, p. 20). A partir de 1960, de acordo com o autor, a história positivista ensinada nas escolas até então, passa a ser considerada como uma visão reacionária da sociedade e uma equipe de estudantes começa a formar grupos de estudo e a realidade começa a ser questionada. Figuras como Caio Prado Júnior, R. Marques, Celso Furtado e muitos outros, se tornam a base ideológica para esses grupos que começam a se robustecer (PINSKY, 2009): Nessa direção, pode se captar alguns sinais alentadores. Há um maior rigor nos estudos históricos; cultiva-se verdadeiro horror pelo discurso demagógico e populista; verifica-se a superação dos esquemas teleológicos. Com isso novos objetos e metodologias penetraram no universo limitado e já mofado da velha história. E os melhores profissionais, assim como significativos grupos de professores, já estão saindo atrás do homem (e da mulher) na história (PINSKY, 2009, p. 25). Assim, de acordo com o autor, começou a existir uma mudança de perspectiva na História do Brasil e vislumbrou-se uma melhora no ensino da História nas escolas. Começou-se a perceber uma desconexão entre o discurso daquele que ensinava história em relação àqueles que estavam aprendendo-a. Se o ensino da história não instrui, não educa e não leva os seus aprendizes a uma visão crítica/consciente e transformadora, deve continuar sendo ensinada sob a mesma concepçao? Ainda de acordo com Pinsky, o homem começa a ser descoberto (antes esmagado pelo herói e pelo processo), e este vem à tona e atua para que a história possa acontecer. De espectador passivo, passa a agente ativo e a diferença entre “história natural e a História deixa de ser apenas uma concepção teórica e passa a entrar na vida do historiador e do estudante” (2009, p. 26) “Busca-se historicidade, evita-se o historicismo: ao se tratar de um homem noutro momento histórico, resgata-se sua particularidade sem abandonar sua universalidade enquanto ser humano”. (PINSKY, 2009, p. 26). Sendo assim, o objeto da história, o homem, se tornou um pouco mais concreto. Afinal, falar do homem com ele distante, deixando-o à margem ou para trás, deslegitimará a mesma, tirando dela aquele que é essencial para que ela aconteça. A ideia de que existe um conhecimento característico não é certamente nova. Precisamente, uma das razões de ser do saber-fazer pedagógico tem sido a de propiciar a elaboração da cultura transmissível para que seja assimilável por determinados receptores, desde que Comenius pensou a didática como a arte de ensinar todas as coisas a todos. É o ensino que deve se adaptar ao estudante, e não o contrário. O professor (a) tem a responsabilidade de fazer o ensino ser assimilável pelo aluno. Afinal, é ele quem está se instruindo e isto deve ser feito com cuidado e responsabilidade por quem o faz, para que o discente seja capaz de enfrentar o mundo, enfrentar a vida. Qual a razão porque se escuta muitas vezes: “não gosto de matemática”; “não gosto de português”, outro não gosta de história, física ou química? Não seria pelo fato de tais ciências terem sido passadas, ensinadas, como sendo algo pesado, difícil e distante, que só quem é muito capaz e inteligente pode aprender? E os alunos que tem dificuldades, portadores de necessidades especiais, que na psicologia se chamam especiais? Se essas crianças não tiverem uma atenção especializada, a marginalização delas começa na escola. Podem fazer o caminho inverso, escola, família e grupo. PATTO (1999) trata enfaticamente dessas questões. Não é em vão que o seu livro tem o nome, A Produção do Fracasso Escolar: história de submissão e rebeldia: Falar de um saber e da sua transmissão, com efeito, é reconduzir a imagem da caixa preta; aquela da sala de aulas onde supõe-se a transmissão de um suposto saber, onde não iremos olhar e, se formos, veremos primeiro o professor, depois os alunos, e quase nunca o saber, sempre invisível, como a filosofia medieval (...). De fato, carecemos cruelmente de conhecimento sobre a vida ‘íntima’ dos saberes nas salas de aulas: a metáfora substancialista que comporta a pretensa transmissão do saber explica, em grande parte, esse desconhecimento. (CHEVLLARD, Yves.Transposição Didática, Rio de Janeiro. Disponível em: WWW.dbd.puc-rio.br, p.49. Acesso em 12/08/2013) Esse pode ser um risco a que se pode incorrer: falar do saber, do conhecimento, mas ficar na abstração. Para evitar isso, o aluno deve ser conquistado, fisgado; a sala de aulas deve ser, para ele (a), o lugar do encontro, espaço que lhe propicie prazer. Caso contrário estudar, aprender se torna enfadonho e pesado. Usando uma expressão de Paulo Freire, o professor precisa criar parcerias com o aluno para que este se sinta valorizado, importante. Estudar, assim, se torna uma necessidade prazerosa, e não um peso, algo aborrecido e sem perspectiva: (...) A história que se conta às crianças, aos adultos, permite, ao mesmo passo, conhecer a identidade de uma sociedade e o estatuto desta através dos tempos. Assim, aprender o estatuto da História no Brasil é acompanhar a constituição do campo e do método da história que privilegia. E é também reforçar e instituir uma memória na qual a história serve de legitimadora e justificadora do projeto político de dominação burguesa, no interior do qual a escola secundária (hoje ensino médio) foi um dos espaços iniciais de formação da elite cultural e política que deveria conduzir os destinos nacionais, em nome do conjunto da nação (Nadai, 2009, p. 30 a 31). Deixando-se conduzir pelo pensamento da autora acima, o ensino da história também pode se prestar tanto a legitimar uma ideologia vigente, como também pode contribuir para formar consciências e cidadãos responsáveis, que queiram e lutem por uma nação mais igualitária, sem divisões e diferenças entre seus concidadãos. Assim, a ciência deve se prestar a beneficiar a vida dos indivíduos e isso, de alguma forma, deve ser mostrado em sala de aula. Senão, pode se tornar um estudo vazio, abstrato e sem sentido para a vida das pessoas. De acordo com MICELI (2009, p. 38) “a escola não é a única responsável pela educação do cidadão; esta trás algo já aprendido na família, no grupo, nos ambientes que ele frequenta. Este saber na escola poderá ou não ser ampliado, desenvolvido”. O que faz lembrar FREIRE (2009) quando afirma que o aluno trás do seu meio o seu conhecimento; e isto, na escola, não deve ser ignorado. Além do saber que o aluno já detém, há também as experiências de vida; suas perspectivas, anseios e assim por diante. Tudo isso vai contribuir, sem dúvida, para a formação do ser-pessoa. Ainda, segundo o autor, “(...) A diferença é que ensinar História também significa comprometer-se com uma estética de mundo, onde guerras, massacres e outras formas de violência precisam ser tratados de modo crítico” (Miceli, 2009, p.39). Ensinar História é, portanto, formar o homem e a mulher para enfrentar a vida e, como tal, contribuir para que esta seja vivida com dignidade. É também levar o indivíduo a perceber que a sua história pessoal está dentro da grande História. Aquele que aprende história precisa ter desenvolvida essa consciência: saber que é parte de um todo, de uma História cada vez mais inclusiva e inovadora. O que fazer para a educação, o ensino de História empolgue, faça o aluno (a) gostar de aprender? MELO (1987) na primeira orelha do livro, o manuscrito perdido de Freud, inicialmente trás esse pensamento de Fernando Pessoa: O mythos é o nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus; É um mithos brilhante e mudo_ O corpo de Deus, vivo e desnudo. Este, que aqui aportou, Foi por não ser existindo É nos criou Assim a lenda se escorre A entrar na realidade. E a fecundá La decorre Em baixo, a vida, a metade. De nada morre. Trata-se evidentemente de um trecho belíssimo, que pode trazer e levar muitas inspirações. Mais, tratando da educação e do ensino de História, da forma como se estabeleceu no nosso país, é fundamental um processo de longo prazo e de um planejamento englobante ( a educação, que se pode fazer para que esta realidade possa mudar). Mais à frente, página: 37 o autor coloca como epigrafe um pensamento de Irwin Edman (1896- 1954): “A educação é o processo de jogar falsas perolas a verdadeiros porcos” ( EDMAN apud, MELLO,1987, p. 37). As estatisticas educacionais apontam ainda o “desinteresse” dos alunos em aprender, devido a diversos fatores: sociais, econômicos, etc., bem como a invasão nas escolas dos problemas gerados em casa, na rua e que podem vir a tona no espaço escolar. Fundamental registrar a questão das drogas; é um fator que está a cada dia mais presente no ambiente escolar. Também a agressão de alunos a professores cada vez mais ocupa espaço na midia. Não é por acaso que os cursos de licenciatura não estão sendo muito procurados atualmente. Um artigo reitera as dificuldades enfrentadas pelos professores e menciona a diminuição da procura nos cursos de licenciatura. A diminuição da procura para os cursos de licenciatura na UFG (veja Rodrigues Galtiery: Concorrência cai 60% em sete anos) – O popular caderno cidades 07/11/2013. E dia 17/11/2013 saiu o complemento dessa matéria: (Que fazer com o diploma?): “A baixa concorrência dos cursos de licenciatura, oferecidos pela UFG é um retrato do desinteresse crescente pela carreira de professor”. E prossegue: “(...) a situação é uma das principais preocupações do ministério da educação, hoje, pois não acontece somente em Goiás, mais em todo o país”. ( Cadernos de cidade. O Popular, Goiânia 17/11/2013). Caetano Veloso, reportando Fernando Pessoa, canta uma musica que diz: “navegar é preciso”. Aqui no contexto da educação/ ensino de História, pode se parafrasear e dizer: ensinar ir a frente é preciso. Diz a ultima estrofe da poesia/pensamento de Fernando Pessoa. Quando a ventania é muito forte não adianta enfrentá-la; esta pode levar quem a enfrenta. Melhor, deixar a ventania passar, para depois continuar a jornada. Ainda nessa abordagem, objetivando valorizar o entorno do aluno, Elias Nazareno (16/11/2013) na aula do curso de Pós- graduação em História Cultural da UFG, mencionando sua experiência nas aulas na Licenciatura indigena assinalou: “O que é mais importante, é dar uma aula de Geografia para os índios ou falar a eles de plantas que eles usam como remédios”? Será que não falta essa sensibilidade aos que estão na sala de aula? Muitas vezes, aulas enfadonhas, assuntos que não dizem muito à realidade dos alunos; porque então não se tentar temas que venham responder as expectativas deles? É fácil? Evidentemente que não. Existe uma estrutura que está acima do professor e das suas possibilidades. Mas se quiser uma escola formadora e humanitária, algo terá que ser feito nesse sentido. Para a efetivaçao desse projeto, teria que ser uma escola que a sociedade almejasse, não a escola como tem sido, para onde se manda a criança por causa da merenda ou para os pais irem trabalhar (escola deposito de crianças); escola como esta com padrões milenares estabelecidos, numa ótica e perspectiva de quem sabe, para ensinar a quem não sabe, segundo Alexandre Martins de Araújo em 09/11/2013 em sala de aula, falando para a mesma turma do curso de Pós-graduação em História da UFG. É necessária uma pedagogia na qual e com a qual o aluno seja levado em conta e possa encontrar sentido e significado nos estudos para sua vida. O estudo precisa propiciar prazer ao aluno, senão não vai jamais atrair sua atenção. De acordo com Assmamn (2004) é preciso reencantar a educação. O ensino precisa gerar no aluno o encanto pelo aprender (2004, p. 132): Aprender é tão pouco pura adaptação, que implica reagir em resposta a um contexto não necessariamente de êxito crescente. Só se pode falar de APRENDIZAGEM quando o comportamento aumenta manifestamente a eficácia com a qual se processa a informação de maneira que se alcançam os estados desejados, se evitem os erros, ou uma parte do mundo ambiente passe a ser controlada. A consciência pode estar envolvida ou não. Aprender com tentativa e erro é um processo no qual a retroalimentação (feedback) acerca dos erros previne que o comportamento sem êxito não se repita (...) É em outras palavras, o que FREIRE (1996) dizia que para o bem ensinar e bem aprender o professor precisa fazer parcerias com o aluno. Os erros, a correção dos mesmos, não é para dizer ao aluno que ele não sabe, não aprendeu porque é incapaz, mas dizer que ele pode aprender, pode crescer e melhorar. Afinal, corrigir é também educar e educar não quer dizer diminuir o outro, mas apontar o caminho à frente e dizer que ele pode percorrê-lo. Se isso for feito, se o assunto disser algo à vida do aluno ele, certamente, ampliara o interesse e o aprendizado fluirá. Mas o professor terá também de encontrar estímulos e respaldo por parte do Estado e da sociedade. Professor mau pago, sem plano de carreira, sem descanso necessário para estudar, pesquisar, nao vai ter entusiasmo para enfrentar a sala de aula; muitos trabalham durante o dia e a noite vão para o colégio: tanto o professor quanto o aluno. Qual a disposição para o estudo? Chega a sala de aula com as energias minadas. Assmamn (2004, p.123) destaca: “ Ainda não existe vento favorável para quem não sabe a onde vai” e, “para empinar papagaio ( pipa ou pandorga), só mesmo quem fareja horizontes. Navegar, saber aonde ir e farejar horizontes é função do educador; aquele que quiser ser um abridor de caminhos para trilhar e levar seus discípulos a fazer o mesmo. O ensino exige isto. E o ensino de história não é diferente dos outros, como a física, matemática, etc. A Maiêutica socrática aqui poderá ser aplicada por quem ensina: aprender a ensinar; tão sofrido quanto dar à luz ao conhecimento. Talvez uma das dificuldades seja, por parte daquele que ensina, a achar que já sabe tudo! PROST (2008, p. 147) diz: De fato, na história, compreender é sempre, de certa maneira, colocar-se pelo pensamento no lugar daqueles que são objeto da história que se escreve. Tal procedimento supõe uma verdadeira disponibilidade, uma atenção e uma capacidade de escuta; a vida cotidiana é que permite o aprendizado de todos esses aspectos. O autor se refere aqui à relação que deve haver entre aquele que escreve sobre a história e aqueles que leem e aqueles que procuram se inteirar de questões históricas. Aqui no contexto do ensino de história nada impede que isso venha a ocorrer, essa interação entre professor e aluno. E isso possibilitaria, sem duvida, maior interesse por parte daquele que aprende, está aí para aprender. Vai se sentir parte integrante do processo. Mas compreender “bem” é simplesmente compreender. O que supõe certa forma de convivência, de cumplicidade com o outro: é necessária a disposição de entrar em sua personalidade, enxergar com seu olhar, sentir com sua sensibilidade, julgar de acordo com seus critérios. A compreensão adequada faz- se somente a partir de dentro. Esse esforço que mobiliza a inteligência implica zonas mais intimas da personalidade; é impossível permanecermos indiferentes àqueles que já foram assimilados por nosso entendimento. A compreensão, também, é uma simpatia, um sentimento (...) “uma amizade”( PROST:2008, p. 147 a148) Quem nunca se sentiu orgulhoso, quando o professor/professora fez um comentário positivo sobre o seu trabalho, uma prova, uma boa nota! A sala de aula pode ser também propiciadora para o surgimento de uma amizade simpatia e apreço pelo professor/ professora e vice versa! Quem não tem boas recordações e saudades de um professor/ professora que o fez crescer como aluno, como gente, como pessoa? Quem não pode dizer isso... é uma pena! Passou pela escola e não vivenciou a mesma. Nesse sentido, ensinar História é também descobrir-se e levar os outros ou contribuir para que as pessoas se percebam no espaço em que vivem e na história: No entanto, ao descobrir-se, o historiador descobre que é capaz de se colocar no lugar de inumeráveis personagens diferentes. Ele recapitula, de algum modo, em si mesmo, uma boa parte da humanidade, em uma infinidade de situações. A história seria menos fascinante se não combinasse, assim, um conhecimento aprofundado com a descoberta dos outros (PROST, 2008, p. 152). É um exercício e tanto! Mas, a tarefa do professor/professora não é senão criar pontes entre as pessoas; aliás, o educador tem essa tarefa. E na sala de aula percebe-se quem faz as coisas porque gosta e se realiza naquilo que faz. Sempre tem tempo para atender os alunos, não gera distancia entre si e seus aprendizes. A vida escolar nos mostra muito isso. Aquele/a que faz da sala de aula o seu espaço gerador de vidas, mostra isso não com palavras, mas nas atitudes, gestos, comportamentos. Isso é exagero? A resposta poderá ser dada por quem passou e passa pela sala de aula, por quem ensina e aprende. Algo de humano, bom, verdadeiro sempre fica quando as coisas são feitas com verdades, seriedade e coração! Ainda refletindo com Prost (2008), para perceber se a importância do historiador em sala de aula e no seu espaço, onde está, onde contribui para a história ser revitalizada e não algo que já passou, onde apenas as lembranças persistem : Apesar de todos os esforços que vier a despender para se colocar, pelo pensamento, no lugar de outros, o historiador não deixará de ser ele mesmo; nunca chegará a tornar-se outro, seja qual for o espaço de compreensão para que possa fazer. Ele re-pensa, re-constititui em sua mente, a exigência humana coletiva da qual está fazendo a história.Em vez dos pensamentos, sentimentos, emoções e motivos das personagens, humildes ou eminentes, acompanhadas passo a passo em seus documentos, ele expõe seus próprios pensamentos; essa é a maneira como ele re-pensa o passado. A história é o re-pensamento, a re-ativaçao a re-açao no presente, pelo historiador de coisas, outrora, haviam sido pensadas, experimentadas e praticadas por outras pessoas. Faça o que fizer, o historiador não pode deixar de ser ele mesmo (PROST, 2008, p. 150). Ele, historiador, tendo consciência do seu papel e importância como formador e gerador de opiniões, procurará ser ele mesmo em sala de aula, na relação com os alunos, procurando levá-los a tomar consciência deles como aprendizes, sujeitos que estão se formando, tomando assim consciência de suas histórias pessoais que vão compor a história maior: do grupo, do meio social e como sujeito da história como um todo. Tendo o formador/a consciência de si conhecendo se como pessoa, com suas qualidades, grandezas, limitações e possibilidades, sem duvida terá muitas condições para ver, compreender e contribuir para que os alunos tenham essa dimensão da vida. Ainda refletindo com Prost: Neste sentido, pode se dizer que toda História é um autoconhecimento: CÉU-KNOWLEDGE. O conhecimento do passado é, também, a mediação pela qual o historiador prossegue a busca de si mesmo. Pode ocorrer que, em certo período de sua vida, ele não preste atenção à determinada História à qual, em outro período irá apegar-se; com o decorrer do tempo, irá compreender o que ele não havia percebido anteriormente. Em relação aos historiadores, os ensaios de ego-história, apesar de todo o seu interesse, fornecem menos informações que a leitura de seus livros. Após uma digressão, voltamos a encontrar, aqui, a imagem de Michelet: o historiador é filho de suas obras. No entanto, ao descobrir-se, o historiador descobre que é capaz de se colocar no lugar de inumeráveis personagens diferentes. Ele se recapitula, de algum modo, em si mesmo, uma boa parte da humanidade, em uma infinidade de situações. A historia seria menos fascinante se não combinasse, assim, um autoconhecimento aprofundado com a descoberta dos outros (PROST, 2008, p. 151 a152). Pode-se dizer que o homem se perpetua em suas obras e se reconhece também nelas. Os seus feitos vão estar estampados nas vidas daqueles e daquelas que passarem pelo seu caminho. Mesmo que isso não seja percebido durante a ação (é o que o autor deixa claro na afirmação acima), mas depois isto será percebido. Melhor: reconhecer que sua pratica e ação educadora estão escritas com letras que ninguém pode apagar. A lousa, quadro negro (sem falar nos recursos tecnológicos), vão estar presentes na sua historia e trajetória. Estarão ausente dos espaços físicos, mais da consciência ninguém pode tirá-los. De acordo com (ABUD, 2010, p.79), no que se refere ao Estudo do meio e aprendizagem (...) o estudo do meio representa uma excelente estratégia para a construção do conhecimento histórico por professores e alunos pelo fato de unir pesquisa, contato direto com um contexto (meio), sua observação e descrição, aplicação de entrevistas, analise de elementos que compõe o patrimônio histórico e memória. Pode facilitar assim o estudo do meio ou contexto, a compreensão e interesse dos alunos; e, mediante isso, o trabalho do professor poderá se tornar menos enfadonho, quando percebe que os alunos estão aproveitando, fazendo progresso e crescendo. Assim: Os professores podem se valer dos estudos do meio para construir e sistematizar o conhecimento, mostrando, por intermédio da interação direta com o contexto e seu passado ( nosso principal interesse), as intersecções entre memória, patrimônio e historia e, ainda, dessa forma de conhecimento com outras formas (ABUD, 2010, p. 79). Dessa maneira então, ajuda seus alunos a se antenarem com o passado, procurando à medida do possível conhecê-lo, fazer as conexões entre memória e historia e patrimônio e os meios como realizar esta pratica. À medida que isto é realizado em sala e os alunos são estimulados a exercitarem a pesquisa, cada um vai descobrindo seus meios e métodos. Ensinar historia é também ter presente as dificuldades; como afirma Ruiz, (2013 p.76 a77): “O que simboliza esse momento para o conhecimento histórico? Simboliza, nas palavras de Hartog, que “não é mais possível escrever História do ponto de vista do futuro e que o passado mesmo, e não apenas o futuro tornou-se imprevisível ou mesmo opaco””. Essa atitude do professor leva os alunos a perceberem que os homens do passado, como os de hoje, tinham suas limitações. Que o passado não é algo acabado, que já foi e se tornou estático. Ele pode ser tão emblemático como o presente. Aprender e conhecer, não significa saber tudo; isso não seria saber mais aprender é saber que sempre há algo para se conhecer.Tanto se aprende, olhando para o ontem da história, como vivenciando o presente e, querendo ir a frente; pois passado e futuro fazem intersecção no presente. A visão da História linear, não responde às expectativas humanas; a historia é dinâmica, porque os homens são dinâmicos e não lineares. Há uma expressão popular que diz: “está se vivendo e aprendendo”; ou” morrendo e aprendendo”! Essas duas formas de expressão dizem muito sobre o exercício do conhecimento. Saber tudo! Quem tem tal onisciência? O homem é por demais limitado. Ainda mais agora, na era da globalização, com a internet, as coisas chegam muito rápido, rondam o mundo, mas também envelhecem rapidamente. Tem prazo de validade; o saber se esclerosa muito, de um dia para a noite. E, de acordo com (PINSKY & PINSKY, 2013, p.13), “A História, afinal de contas, não é apenas aquilo que aconteceu, mais a maneira pela qual nos apropriamos disso. Ao estudarmos o passado, emitimos uma voz formada a partir de uma ótica atual”. Essa parte aqui ilustra muito bem a parte acima, quando se falou do presente do passado e do futuro. Pois não tem como se olhar para o passado com os olhos do passado. Os olhos, ou o olhar é de agora. Assim, nesse sentido, o passado pode ser atualizado à medida que se bebe na fonte que os antepassados beberam. Assim, pode se reafirmar que a História é mesmo dinâmica. A lembrança, a memória atualiza de certa forma os fatos e acontecimentos. Segundo ( ASSMANN, 2011, p. 19): A afirmação de que Nora sobre a diminuição da memória no tempo presente vai de encontro à tese defendida em um livro feito por médicos, psicólogos e cientistas culturais norte-americanos. Nesse trabalho fala-se justamente sobre o crescente papel da recordação na vida publica e de um novo desconhecido significado da memória na cultura contemporânea (...) A memória e a recordação podem facilitar a aproximação, a comunicação e podem também contribuir para gerar conflitos. O fato é que estão presentes nas relações humanas. Não tem como deixá-las esquecidas. Como esquecê-las quando se trata de questões culturais, históricas e humanas? Nesse artigo tratou-se de questões referentes às implicações, conflitos, aproximações, afastamentos e parcerias no ambiente escolar entre professor e aluno. A partir disso pode-se concluir que o trabalho do ensino/aprendizagem é uma tarefa árdua, contudo há sempre a esperança de que isso melhore e de certa forma já se vislumbra certa melhoria nesse sentido mais o caminho é longo. 
 REFERÊNCIAS 
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