terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Peregrino e o Convertido - segundo Hervieu Leger


O PEREGRINO E O CONVERTIDO

 

D.Hervieu Leger – é um dos nomes em destaque sobre a pesquisa do fenômeno religioso na modernidade, a memória e tradição religiosa.

A autora faz indagações sobre a desconstrução dos sistemas tradicionais de crença e singular mobilidade religiosa contemporânea.

Esta obra foi publicada em 1999 e trata-se de uma reflexão sobre os processos de construção e transmissão esclarecendo a dinâmica que anima a continuidade crente no final do séc.XX, ou seja, o processo de recomposição do imaginário religioso, num tempo marcado pela crise das instituições tradicionais e de sua gestão da memória autorizada.

O inicio do sec.XXI, vem “marcado pela difusão do crer individualista pela disjunção das crenças e das pertenças confessionais e pela diversificação das trajetórias percorridas por crentes passeadores.

Por um lado há a desregulação institucional da religiosidade e do outro lado a disseminação de novas formas de expressão religiosa de uma religiosidade flutuante ou de elaborações sincréticas inéditas. O livro divide-se em 6 capitulos.

No 1º- Religião despedaçada,  traz uma reflexão sobre a modernidade religiosa – buscando desenvolver a questão do paradoxo religioso nas sociedades seculares, em especial a crise de credibilidade dos sistemas religiosos e da emergência crescente de novas formas de crença.

As sociedades modernas não podem ser encaixadas numa perspectiva restrita de secularização, marcada pela idéia da privação social e cultural da religião.

O que caracteriza o tempo atual não é a mera indiferença com respeito a crença, mas a perda de sua regulamentação por parte das instituições tradicionais produtora de sentido.

O que ocorre é uma “bricolagem de crenças”, uma individualização e liberdade na dinâmica de construção dos sistemas de fé. “As crenças se disseminam”. Conformam-se cada vez menos aos modelos estabelecidos. Comandam cada vez menos as práticas controladas pelas instituições. Torna-se comum a presença de crentes que se afirmam sem a adesão precisa a uma instituição particular. E esta proliferação de crenças que marca o cenário contemporâneo acaba por refletir a necessidade sentida pelos indivíduos de recomporem o universo de sentido que eles menos sentem escapar de suas mãos numa modernidade intransparente.

O cap. 2 – Fim das identidades religiosas herdadas – a autora trabalha como acontece a transmissão das identidades religiosas entre as gerações em um contexto nebuloso.

Com base na reflexão de Halbwachs, Hervieu Leger aponta a importância da transmissão regular das instituições e valores como elemento fundamental para a continuidade e sobrevivência da sociedade. É no movimento de transição de uma geração para outra que a religião se firma no tempo. O que acontece na modernidade é um fenômeno complexo de “crise de transmissão” dessa “menos autorizada” que é a tradição. As sociedades modernas tendem a ser cada vez menos sociedade de memória, uma vez governadas pelo paradigma da imediatez.

Essa perda ou enfraquecimento de identidades herdadas vem acontecendo de forma crescente no âmbito da transmissão religiosa, os indivíduos constroem sua própria identidade sócio – religiosa a partir dos diversos recursos simbólicos colocados à sua disposição.

Tende a ocorrer uma nova escolha religiosa, com base nos recursos que os indivíduos vão encontrando pelo caminho ou se engrossa a fila dos que se definem como sem religião.

O que caracteriza a religiosidade das sociedades modernas é a dinâmica do movimento, mobilidade e dispersão de crenças.

nova dinâmica da mobilidade das pertenças, com a desterritorialização das comunidades com desregulação dos procedimentos da transmissão religiosa.

Substituindo o praticante, a modernidade favorece a emergência de 2 novas figuras: o peregrino e oconvertido.

No cap. 3 – movimento – Concentrando na figura do Peregrino – para a autora esse personagem enquadra-se na especificidade do religioso em movimento, sob qa influência dos percursos individuais (trajetórias de identificação religiosa e uma sociabilidade religiosa em plena expansão sob o signo da mobilidade e da associação temporária.

Seria uma mobilidade e confessionalidade fluida como a JMJ, tomando por exemplo a participação de 1997. Uma dinâmica de agregação e dispersão simbólica da universalidade católica.

Cap. 4 – O Convertido – expressa uma identidade religiosa no contexto de mobiludade da modernidade e é marcada pela escolha individual.

Desdobra-se em 3 modalidades:

1-    O individuo que mudaa de religião.

2-     O que se integra a uma tradição de forma inaugural.

3-     O que se re-afilia à mesma tradição religiosa.

Nesses diversos casos, a conversão é vivida como imersão num “1regime de intensidade religiosa”.

A emergência dessa nova figura é a expressão da desregulação institucional da modernidade, onde a identidade religiosa se firma como uma escolha.

Segundo a autora, em todas as formas de conversão, cristaliza-se um processo de individualização, que favorece o caráter que se tornou opcional de identificação religiosa e o desejo de uma vida reorganizada. Como um protesto contra a desordem do mundo.

Percebe-se que a insegurança e o pluralismo, provocam a reativação de identidades confe3xxionais e o desejo de inserção num regime intensivo de vida religiosa.

Cap. 5 – Comunidades sob o regime de individualismo religioso. Um claro exemplo vem na “nebulosa mística esotérica”, trata-se de uma religiosidade centrada no individuo e sua realização pessoal. Essa individualização compagina-se com o individualismo no campo religioso moderno ou seja é o “crer sem pertencer”; é um dos traços do tempo atual e presentifica-se na lógica de uma “bricolagem de fé”.

Há uma decomposição, sem recomposição ou seja, a afirmação de um regime subjetivo de verdade que dissolve toda forma de comunalisação religiosa.

Cap.6 – Instituições em crise e laicidade em pane – A Europa foi considerada em 1946 uma República laica. De lá para cá, vem havendo matrizes diferenciadas de uma laicização militante e comprometida, para uma laicidade de mediação.

Os embates com o Islâ (2ª religião na França) e as seitas vieram exigir um novo posicionamento da laicização.

Hervieu Leger vai na linha mediadora e acredita em uma decisiva atuação do estado na gestão e racionalização do debate em torno da delimitação do exercício de liberdade religiosa. O diálogo ganha significado especial e busca uma nova dinâmica entre as religiões.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O que é religião?


O QUE É RELIGIÃO?

Segundo João Luis correia Junior – de Robert Crawford  (tradução de Gentil Avelino Titton), tem havido atualmente um maior interesse pelas diversas formas com que a religião se manifesta nesta sociedade plural, em que vivemos, fomentando o respeito e a simpatia para com pessoas que diferem em crenças.

Portanto este livro vem dissipar a idéia conflitante entre ciências e religião, além de refletir sobre 2 sistemas de crenças  influentes: o marxismo e o humanismo,  que  apresentam alternativas àquelas religiões que exigem dedicação e compromisso e oferecem às pessoas soluções para o sofrimento, a injustiça e a ignorância.

No 1º capitulo Robert Crawford problematiza o título, com a pergunta “é possível definir religião?” E para responder, são apresentados algumas definições; mas a questão fica aberta pois segundo Crawford, a essência do fenômeno religioso não aparece somente na compreensão dos seus efeitos na sociedade: “religião pode significar: ligar um adorador à divindade através da observância de cerimônias cúlticas e atos de devoção”.

No 2º capitulo, aparecem diversos métodos de estudo da religião, por meio das abordagens históricas, teológicas, filosóficas, psicológicas, sociológicas, fenomenológicas e feministas. Donde se conclui que nenhuma abordagem sozinha fornece uma visão completa da religião e de suas características. Mas todas devem ser levadas em consideração.

Nos capítulos de 3 a 8, o autor examina temas pertinentes a todas as religiões: os rituais, as escrituras, comportamentos, a mulher, a libertação e as divisões internas nas religiões. O autor possibilita comparar e contrapor os vários temas, ficando mais fácil detectar semelhanças entre as tradições religiosas estudadas, podendo se perceber qual a posição de 2 ou 3 religiões em relação a ele.

As diferentes temáticas são analisadas a partir de seis religiões que surgiram e estão presentes nos dias atuais, inclusive com forte influência cultural em vários continentes: as religiões semíticas (judaísmo, cristianismo e islamismo) e as indianas (hinduísmo, budismo e sikhismo).

Nos capítulos 9 a 15 são abordados questões que tocam a temática: por que as religiões não conseguem unir-se? No capitulo 9 – trabalha a questão (confessando um assassinato) e no 10 (o mundo foi planejado?) o 11- o que somos?; 12 – mente e cérebro; 13 – outros sistemas de crenças; 14 – a existência de Deus.

No capitulo 16, volta-se a questão inicial sobre a definição de religião, para em seguida, levantar-se algumas conjecturas sobre o “futuro das religiões” no cap. 17.

Resumidamente: O autor se debruça sobre o tema dos rituais, para estudar o que esta sendo venerado. E faz a partir das seis religiões já citadas. Ele observa que a maioria das religiões tem lugares e espaços sagrados, voltados especificamente para o culto, mas afirmam que Deus está presente em todo lugar, e na maneira de viver, não fazem separação entre sagrado e profano.

Observa a importância das escrituras Sagradas para a religião – como base para o culto, a doutrina e a tradição. O que importa não é o cumprimento de normas ou mandamentos, mas a condição interior do coração. Nas religiões semíticas o judaísmo considera os textos da Torá como Lei Santa, segundo as interpretações do Talmude. O cristianismo reconhece as escrituras judaicas (Torá, os Nibiim) profetas e os Ketubim – Escritos históricos e sapiências, interpretando os segundo ensinamentos de Jesus, aceito como o Messias prometido, cujas palavras e ações, escritas como evangelho, seria, “a boa noticia” do Reino de Deus. O islamismo venera o alcorão como palavra de Deus Alá, revelada em Maomé, são ’14 capitulos ou suras, que tratam da sabedoria e da doutrina, do conhecimento e do culto. Seu tema principal é a relação entre deus e seus fiéis.

Nas religiões Indianas não há um único Cânon (lista oficial), mas variados textos escritos ao longo de milhares de anos.

O autor vem trabalhando também o comportamento e formas de comportamento, e influencias de seus adeptos, em prol do bem comum.

Conclama o povo a ser santo como Deus (Lv.19,2). A boa conduta é mais importante que o ritual.Deixemos de fazer o mal e aprendamos a fazer o bem.

O cristianismo chama seus adeptos a ir além da lei: são chamados a receber o Espirito de Deus, do qual vem as virtudes éticas de amor, alegria, paz, paciência, benevolência...

Já o islamismo considera o jejum para o muçulmano poder compartilhar o sofrimento dos menos afortunados,a caridade é a expressão para com as pessoas necessitadas.

Das religiões Indianas, o

Hinduísmo é o que mais se aproxima de religião. Seu objetivo é obter firmeza, perdão, caridade, pureza, honestidade, controle, fidelidade e libertação da angustia. A atenção maior é conduta e não na crença.

O budismo defende que o eu é ilusório e deve ser substituído pelo amor e a benevolência.

O cap. Seis é voltado para a situação da mulher nas religiões. O autor conclui afirmando a importância da mulher nas religiões – o papel da mãe na formação dos filhos. Mas Crawford ressalta que embora as religiões idealizem a mulher, os homens suspeitam da sexualidade delas e temem que possam escapar ao controle e que apesar do protesto feminino,o patriarcado tem predominado.

Prosseguindo, vem sendo trabalhado a libertação – todas as religiões reconhecem ter algo de errado com o ser humano e oferecem propostas a salvação e libertar-se da ignorância – melhorar a vida aqui e chegar ao paraíso ou nirvana (plenificação em Deus dos que chegam a iluminação).

O autor vem fazendo uma retrospectiva para divisão da religiões, no cap. 8 e no 9 fala do porque as religiões não conseguem unir-se.

Há uma dificuldade de relacionamento. Já que apontam um mesmo Deus. A desunião nasce pela diversidade das crenças e falta de diálogo.

Do 10 ao 13, vem mostrando o impacto da ciências sobre a religião, e a conseqüência disso. O conhecimento científico substituindo a religião quando se trata de compreender a origem e evolução da raça humana.

O que somos e o que podemos nos tornar.  É proposto um debate entre mente e cérebro. O autor conclui que o ser humano pode ser um pouco inferior aos anjos, mas possui razão e criatividade,  busca sentido na vida, tem capacidade de fazer escolhas morais e é responsável diante de Deus. O valor do amor opõe-se ao mundo da sobrevivência dos mais fortes.

As religiões não negam que procedemos do pó da terra e que a evolução poderia ser a maneira encontrada pelo criador, para criar a humanidade, mas apontar para o imago (margem) de Deus que todos possuímos. Não há prova de que é assim mas é uma perspectiva que não pode ser menosprezada quando considerarmos o que somos e o que podemos vir a ser.

No 14 – Outros sistemas de crença – no sec. X desenvolveram alguns movimentos: cientologia, consciência de krishua, meninos de Deus, Povo de Jesus, Missão da Luz Divina, Meditação, transcedental e Igreja da Unificação. Nesses movimentos há uma rtendência ao panteísmo e ao politeísmo; alguns cultos caem sob a denominação de Nova era e trabalgam com mitos, xamanismo mensagens do além, cristais etc. São vgetarianos, considerados a terra como um ser vivo pessoal. Acreditam no sobrenatural, em alienígenas e no fim do mundo.

15 – trabalha a existência de Deus – debate entre os que crêem e os que não crêem.

Finalisando 16 e 17, haverá um retorno ao cap. 1. Concentram-se no aspecto funcional da religião.

Adolescência - uma pequena parte dela

  Adolescência   Dos onze aos quatorze anos eu estudei no CCCM, fica ao lado da Igreja Coração de Maria, na Av. Paranaíba no Centro de Goi...