DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO MOVIMENTO OPERÁRIO

Aos queridos vestibulandos (CPMG), um presentinho. Escrito por Osvaldo Coggiola, e que nos faz viajar pela nossa história.
DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL AO MOVIMENTO OPERÁRIO
As origens do mundo contemporâneo
Osvaldo Coggiola


A luta dos trabalhadores contra a burguesia foi a conseqüência necessária das contradições que, no sistema de produção capitalista, opõem o capital ao trabalho assalariado. Essa luta atravessou diversas fases: as primeiras reações anti-capitalistas dos trabalhadores focalizaram os instrumentos da dominação capitalista (as máquinas, as leis contra a "ociosidade", das quais se tentava fugir), para só depois atacarem as próprias relações sociais, de propriedade privada burguesa dos meios de produção, que fornecem sustentação a esses instrumentos. O movimento operário organizado foi o resultado da percepção, pelos trabalhadores, do caráter historicamente irreconciliável das contradições acima mencionadas.
A própria idéia de organização de classe, que surgiu da concentração física e social da nova classe operária criada pelo desenvolvimento capitalista, expressa a idéia de uma luta a longo prazo, onde o que está em jogo é o próprio poder na sociedade, a sua direção. Através do movimento operário, a luta inicialmente dispersa dos trabalhadores se transformou em luta de classe.
O movimento operário retomou as formas de luta características dos movimentos e classes populares que o precederam: escravos, plebeus, artesãos, camponeses. Mas não se limitou a retomá-las: também as reformulou, de acordo com as novas condições de produção (contrato "livre" de trabalho, e não mais trabalho compulsório), criando formas específicas de organização: os sindicatos.
Na luta do movimento operário, porém, não há duas fases em seqüência cronológica, primeiro uma sindical (em defesa do valor da força de trabalho) e, só depois, outra política (luta pelo poder na sociedade, e pela abolição da exploração capitalista). Toda luta de classes é uma luta política. No berço histórico do movimento operário (a Inglaterra), os sindicatos e as organizações e reivindicações políticas (sufrágio universal, Parlamento aberto aos representantes dos trabalhadores) surgiram paralelamente.
As primeiras grandes vitórias da classe operária na luta em defesa da força de trabalho contra o capital (por exemplo, a conquista da jornada de 10 horas de trabalho) foram produto de movimentos de natureza e conotações claramente políticas. Luta sindical e ação política não estão separadas por períodos históricos diferenciados, nem possuem natureza radicalmente diferentes: são duas faces de uma mesma atividade histórica de classe.

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