Estudos de História da Educação de Goiás.

Poíesis Pedagógica - V.10, N.1 jan/jun.2012; pp.164-170
RESENHA
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Educação e História
Patrícia Rodrigues Luiz Peixoto
Nelsimar José Naves2
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BARRA, Valdeniza Maria Lopes da. (org.) Estudos de História da Educação de Goiás.
(1830-1930) Goiânia-GO. Ed. da PUC, 2011.
O livro "Estudos de História da Educação de Goiás. 1830-1930" é um convite a nos
embrenharmos cerrado adentro, à procura de um Goiás com sua vasta história, porém, ainda
pouco "visitado" pelos pesquisadores. Eis aqui uma obra de relevante valor acadêmico, para
aqueles que pretendem melhor compreender a educação em Goiás, em um período (o século
XIX), que pela historiografia, há tempos se convencionou afirmar pouco existir sobre o que
de fato valha a pena investigar. Perfaz, inclusive, o percurso da História da Educação na
Primeira República. Contudo, mais do que isso, propõe dialogar com outros estudos sobre a
temática da História da Educação, produzidos nas diferentes regiões do país, no sentido de
problematizar esse "campo fértil" em seus diversos contextos e perspectivas.
Prefaciado pelo professor José Gonçalves Gondra e capitaneado pela professora
Valdeniza Maria Lopes da Barra, trata-se de uma miscelânea de quatorze artigos assinados
por alguns pesquisadores vinculados a diferentes universidades do país. O livro é resultado de
pesquisas constituídas através do Projeto Educacional da Sociedade Goiana do Século XIX,
vinculado ao Grupo de Estudos de História da Educação em Goiás.
A professora Valdeniza Maria Lopes Barra inicia seu texto citando alguns autores e
suas diversas abordagens, especialmente acerca da possível vinculação entre um projeto de
1 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão.
Email: patrícia-rlp@hotmail.com
2 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão.
Email: njnaves@hotmail.com
Resenha recebida em 01-08- 2012; aprovado em 19-08- 2012
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educação e um projeto de nação vigente no século XIX, destacando que em Goiás, tal projeto,
possivelmente tenha sua origem no início do Período Imperial.
Através da análise de um periódico da Província de Goyaz: "A Matutyna
Meyapontense”, de 1834, a autora destaca os princípios de universalidade e obrigatoriedade
da instrução primária, postos como prioridade para o país. Faz ainda, um apanhado de escolas
públicas de Primeiras Letras, citando o número de escolas e a quantidade de matrículas, em
períodos específicos entre os anos de 1837 e 1881, tomando como base, os Relatórios
presidenciais, observando, entretanto, a aparente imprecisão de tais dados.
O segundo texto da professora Maria das Graças Cunha Prudente faz uma análise
do contexto em que viviam as professoras da instrução pública da Cidade de Goiás entre os
anos de 1832 e 1887, tendo como premissa, o entendimento do papel das mulheres no cenário
educacional, dentro do recorte proposto pela autora.
Em uma sociedade marcada pelo patriarcado, as representações criadas acerca do
universo feminino auxiliam no entendimento das condições com as quais as professores
conviviam no desenvolvimento de seu ofício. Nesse emaranhado de construções,
desconstruções e reconstruções de representações que se criaram ao longo das décadas, a
autora dá voz a algumas educadoras que se destacaram em seu papel, mesmo longe de
decisões políticas e das influências econômicas e culturais advindas dos grandes centros
urbanos. A Cidade de Goiás é o loco em que a pesquisa se assenta.
Em sequência, o texto da professora Cristiane Maria Ribeiro discute de que forma se
deu o início do processo de constituição da educação em Goiás, a partir de meados do século
XIX, e de que forma a população negra se inseriu nesse contexto. À luz de autores que
estudam a temática, problematiza o pensamento corrente de que as populações negras
efetivamente não tinham acesso à educação, salientando que havia diferenças profundas entre
a população de negros livres, que tinha seus direitos constitucionais assegurados e o que
efetivamente era negado aos escravos, o que, via de regra, é tratado equivocadamente pela
historiografia e pela história da educação, como se pertencentes a uma mesma categoria.
O estudo em questão parte de uma análise bibliográfica de célebres viajantes que
descreveram suas andanças pelo território goiano. A análise desses relatos é pautada pela
hipótese de que tais relatos eram carregados de preconceito, tendo em vista a disseminação de
teorias racistas na Europa, ao longo do século XIX, e que ganharam corpo no século XX.
A professora Yara Fonseca de Oliveira e Silva faz sua abordagem pautada na busca
pela compreensão do universo da criança pobre no estado de Goiás, no século XIX, a partir de
análise dialética do que era produzido pelo jornal Correio Oficial.
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A questão que norteia a pesquisa passa pela compreensão sobre que imagem é
construída da infância no século XIX, e como isso se estabeleceu, e ainda hoje se faz presente.
Em outras palavras, quais representações construímos acerca da criança pobre? Além de
pensar de que forma o discurso oficial se concretiza, ou seja, se transfigura para o domínio
comum dos sujeitos que fazem parte de um determinado grupo.
A autora estabelece como estratégia, a contextualização histórica do Brasil colônia até
o século XIX, seus aspectos políticos e sociais, além de uma abordagem acerca da infância
pobre no estado de Goiás, para, por fim, dimensionar a relação de força entre economia e
educação, através da análise do Jornal Correio Oficial.
O texto da professora Diane Valdez é um estudo das fontes do século XIX, mais
especificamente um mapeamento dos materiais impressos publicados para os alunos das
escolas de Primeiras Letras, ou a instrução primária na província de Goiás, naquele período.
Propõe levantar informações acerca de quais os livros escolares circulavam na região à época.
Tendo o século XIX como recorte temporal utilizado pela pesquisadora, a mesma
destaca que as solicitações de livros carregavam especificidades, tais como a preocupação do
governo da Província em detalhar a quantidade e o tempo que deveria durar cada material,
além das exigências de cuidado com as obras, o papel do professor na conservação dos
"utensílios", como eram tratados os livros na documentação pesquisada.
O professor Thiago F. Santana utiliza-se de documentação composta por leis e
relatórios presidenciais relativos à instrução pública, para analisar a experiência de
escolarização de meninas e meninos na província de Goiás no período de 1827 a 1887. Parte
do pressuposto de que, no período, a escola era produtora de representações de gênero, em
seus aspectos comportamentais e sociais. Investiga, portanto, as estratégias e técnicas
discursivas mobilizadas na legislação escolar da província à época.
O estudo se referencia a partir das reflexões de Michel Foucault, estabelecendo um
diálogo com a teoria das representações sociais e da epistemologia feminista, comparando as
diferenciações com as quais foram se constituindo a educação de meninas e a dos meninos
nas escolas de instrução pública primária na província de Goiás.
Outro artigo dessa coletânea é assinado pela professora Regina Célia Padovan;
aborda a instrução primária e sua materialidade na constituição do escola, especificamente em
Boa Vista do Tocantins, no século XIX. A autora dialoga com uma diversidade considerável
de fontes primárias, com as quais, constrói sua análise, tais como: ofícios, requerimentos,
relatórios, mapas de aulas, mapas demonstrativos, tabelas, entre outros.
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Os estudos feitos pela pesquisadora, possibilitaram, segundo ela própria, perceber
diferentes ângulos no que tange às representações da escola, onde tais aspectos se fazem
presentes como fração significativa de um tempo social e de uma localidade como Boa Vista.
A professora Marlene Barbosa de Freitas Reis, com a temática, “Algumas
considerações sobre o ofício de professor em Goiás no século XIX (1835-1861)” traz a
reflexão acerca das preocupações sobre o ofício dos professores e analisa como os discursos
oficiais dos presidentes das províncias de Goiás abordavam o assunto utilizando a coleção
Memórias Goianas de 3 a 9 como fonte documental, delimitação esta que se justifica “por ser
um marco referencial a partir de tentativas de organização, normatização e formalização da
instrução pública e da profissão docente em Goiás”. Na integra e não diferentemente das
políticas públicas atuais, o que se observou é que a práxis ficou muito além das expectativas,
pois a decisão de se educar o povo não condizia com as iniciativas de incentivo financeiro
para tal fim incidindo principalmente sobre a má remuneração dos professores, um paradoxo,
visto que a “disseminação da escola pública integrava o projeto da construção da nação”
(VEIGA, 2007, p.131). Neste contexto, Marlene Barbosa realiza uma reflexão acerca da
formação dos professores no século XIX, que em síntese foi muito bem evidenciada nos
discursos tanto das províncias quanto do próprio império, mas que na pratica ocasionou
“desvalorização e desprestígio” da profissão. Um convite para se conhecer e vislumbrar
diferentes paradigmas para pesquisas no âmbito da formação.
A coletânea é enriquecida pelo texto dos professores Anderson de Brito Rodrigues e
Jaqueline Veloso Portela de Araújo, intitulado “Dos princípios de psicologia à psicologia
da escola nova nos currículos e nas reformas escolares em Goiás” (1884-1930). Os autores
fazem um resgate do “surgimento e o desenvolvimento da psicologia como conhecimento” no
âmbito das políticas educacionais no estado de Goiás, o que é subsidiado por “leis, decretos,
regulamentos da instrução pública e periódicos locais presentes em arquivos ou centros de
documentação” fazendo com que o leitor compreenda o processo histórico da mesma. Neste
contexto, os autores revelam a dinâmica que a psicologia desenvolveu diante dos espaços
institucionalizados como hospitais e as faculdades de medicina já no século XIX, atingindo
também o campo educacional no auxílio à formação dos professores sobre “questões
referentes aos métodos de ensino e ao intelecto. Assim, a formação de professores assume
contornos de transformação das instituições escolares tendo como foco principal “os saberes
necessários” à vida em sociedade do educando mesmo no contexto de uma política higienista.
Em síntese, percebe-se que o campo da psicologia, em específico a de Goiás, “corroborou
para a construção de programas escolares, para o entendimento de assuntos concernentes à
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aprendizagem, ao intelecto, ao comportamento, à formação moral, às emoções, à
racionalidade, à linguagem e à cognição do educando entre outros”, principalmente no campo
formativo da Escola Normal.
A professora Benvinda Barros Dourado discorre sobre “A educação católica em
Porto Nacional: O colégio Sagrado Coração de Jesus”. Inicialmente destaca a importância que
a região assumiu por influência da cultura francesa e religiosa por meio dos representantes da
Ordem Dominicana que chegaram a Porto Nacional no final do Período Imperial e ali edificou
instituições educativas, como o colégio fonte de seu estudo, no ano de 1904. Efetivando os
ideais da igreja, no final do século XIX, os dominicanos se instalam no antigo norte de Goiás.
A autora justifica a ação da igreja em institucionalizar uma escola de cunho religioso visto
que o ensino público era carente e a demanda por escolas era vasta, características estas que
abriram caminho para outras ordens religiosas se instalarem em Goiás. A contrapartida desta
educação de “qualidade” vinha em forma de “subsídios por meio de bolsas e convênios
direcionados via poder público”. Outro contexto analisado por Benvinda é o “Curso Normal
do Colégio Sagrado Coração de Jesus: a formação de professoras primárias em Porto
Nacional”. Todos esses aspectos são muito bem analisados por quadros elaborados pela
autora e que delimitam a importância que o colégio teve para a região enquanto formador de
professoras para ensino primário e em específico na formação das primeiras mulheres a
assumir a direção das escolas configurando o projeto de reforma da Igreja Católica contra o
poder público da época.
O texto de Miriam Fábia Alves intitula-se “A instrução primária em Goiás nos
primórdios republicanos”; revela a importância da instrução primária para a conformação de
um modelo republicano e, por outro, na inércia do governo estadual em organizar e expandir
uma rede de instrução primária que entendesse as necessidades educacionais da época.
Contextualiza sobre “a organização da instrução primária em Goiás no período de 1893 a
1917”, tendo como aporte documental “as mensagens dos presidentes do Estado e os
relatórios dos secretários de instrução”. Com efeito, o que se verifica é que a instrução
primária no Brasil vai na contramão daquilo que é proposto em alguns estados norteamericanos
e que, por mais que se reconhecesse a importância da mesma para a formação do
povo, “a maioria dos estados enfrentou muitas dificuldades na expansão e difusão do Ensino
Primário”, ficando o período — “os trinta primeiros anos republicanos” — marcado pela
lentidão do crescimento da rede escolar, mesmo com o advento do Manifesto Republicano
em 1870 que legitimava “a criação de um espaço de crítica às instituições vigentes”. Neste
sentido, conclui-se que vários fatores interferiam negativamente para consolidação do projeto
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republicano tais como “a precária situação política no estado, o clima de instabilidade, a falta
de continuidade das políticas governamentais, as dificuldades municipais em assumir as
escolas primárias”, o que preconizou uma educação insatisfatória que, por falta de subsídios
de ordem financeira, material e humana e por uma fiscalização ineficiente, não produzia
relatórios que subsidiassem uma análise mais profunda da situação em Goiás.
Em “Caminhos cruzados: A cidade e a escola na história da educação em Goiás na
primeira república”, a professora Rubia-Mar Nunes Pinto enfoca as relações entre o urbano
e o escolar evidenciando o desenvolvimento das cidades e como o sistema educacional
acompanhou tal modernização visto que o ideário republicano de uma nação moderna e
civilizada não se pautava apenas em qualificar professores e adequar programas e regimentos
para a nova civilização, adentrava também a adequação dos prédios escolares, isto assinalava
o progresso. Enquanto isso no âmbito pedagógico observa-se um engessamento do
conhecimento do contexto brasileiro, “a imagem da nação una e indivisível” o que afetava
diretamente a urbanização das cidades com princípios higienistas desarticulando a questão
urbana do social. De acordo com a autora, a estruturação educacional não foi tarefa fácil, pois
as dificuldades econômicas que o estado atravessava refletiam incisivamente sobre os
municípios que não tinham condições de arcar e manter a instrução primária, sem contar “as
tensões entre poder estadual e poderes locais” que dificultou o desenvolvimento da centenária
Vila Boa, pois nada se construía e a população não crescia. Tais mudanças não atingiram toda
população principalmente aquela que vivia no campo, não houve ganhos qualitativos e sim
avanços no processo de leis, reformas e decretos satisfatórios no mecanismo de relação entre a
escola e a cidade com expressiva significação para a construção de uma identidade goiana.
No texto “A história ensinada em Goiás: Algumas Considerações”, a professora
Miriam Bianca Amaral Ribeiro tem como escopo apresentar a história do ensino de história
de Goiás. A súmula da História de Goiás escrita por Americano do Brasil em 1920 para as
comemorações do centenário da independência é seu aporte documental. O (IHGB) Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro tinha a “missão de formular e instalar uma história nacional,
considerada necessária para afirmação do projeto da recém instalada nação” no período pósindependência,
assim imprimia uma identidade nacional, um patriotismo que através do
ensino de história deveria atingir toda a população incluindo os não escolarizados, Miriam faz
um resgate dos avanços que o estado teve a partir da década de 1920, o papel da Escola
Normal como fonte de aperfeiçoamento profissional e posteriormente formador de indivíduos
enquadrados ao sistema, papel este também desempenhado pela disciplina de história que foi
distribuída pelos cursos em História do Brasil, Historia de Goiás e História das Civilizações,
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contextualiza os caminhos do ensino de historia em âmbito nacional e regional para então
evidenciar a Sumula utilizada nas Escolas Normais de 1932 a 1982, neste último a autora faz
um resgate peculiar sobre o autor, caracteriza a obra evidenciando suas fontes primárias,
relata a estrutura e o conteúdo da obra principalmente no que tange ao ensino de história, que
em síntese coadunou com os propósitos do Instituto em manter o ideário nacionalista.
A obra organizada pela Professora Valdeniza Lopes da Barra compõe o período da
história da Educação em Goiás. Muito pontual foi a escolha do artigo que finaliza a obra.
Intitulado “Arquivo histórico estadual de Goiás e Instituto de pesquisas e estudos históricos
do Brasil Central – lugares privilegiados da memória goiana”, produzido pelos professores e
diretores dos referidos arquivos, Antônio Cesar Caldas Pinheiro, diretor do Instituto de
pesquisa e Maria Carmem Lisita, diretora do Arquivo Histórico. Inicialmente os autores
enfocam a falta de estrutura em alguns acervos e arquivos de Goiás e o quanto isso dificulta o
trabalho dos pesquisadores, o que não impossibilita, pois muitas pesquisas no âmbito da
educação em Goiás foram produzidas. Muitos ainda se encontram sem organização e os
documentos estão dispersos por várias cidades como Goiânia, Cidade de Goiás, Silvânia,
Santa Cruz, Pirenópolis dentre outras. Os avanços são perceptíveis tanto no AHEG quanto no
IPEHBC por possuírem “acervo rico e organizado, facilitando a busca e o encontro das
informações existentes na documentação” além de receber subsídios que auxiliam na
manutenção dos mesmos. A fim de demonstrar ao leitor a “missão” que cada espaço oferece
os autores apresentam o “histórico, a formação e as principais tipologias documentais”
existentes em cada arquivo afim de que se torne público o espaço como lugar de pesquisa e
produção de conhecimento principalmente no que tange à história do Brasil Central.
Conclui-se que a obra oferece ao leitor e principalmente aos pesquisadores em História
da Educação uma visão da educação nos primórdios do século XIX e toda ação política entre
Estado, Igreja e Educação demonstrando os retrocessos e avanços de um período pouco
visionado e que muito tem a contribuir para o debate sobre a educação brasileira.
Referência
BARRA, V. M. da. (org.) Estudos de História da Educação de Goiás. (1830-1930)
Goiânia-GO. Ed. da PUC, 2011.

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