Retratos Urbanos no Brasil: a crônica como fonte Histórica (segundo -Gervácio B. Aranha)



 

 RETRATOS URBANOS NO BRASIL:

A CRÔNICA COMO FONTE HISTÓRICA

 

Segundo Gervácio Batista Aranha, o objetivo deste estudo é demonstrar que a crônica publicada nos jornais, que é lida por uma multidão, numa época em que a imprensa não tinha concorrência como veículo de comunicação de massa, constituiu uma fonte cada vez mais recorrente por parte de historiadores preocupados com a emergência do urbano entre os séculos XIX e XX, em especial no que se refere ao modo como os atores sociais produziram, sentiram e representaram a vida cotidiana citadina. Assim, é praticamente impossível focalizar o cotidiano de inúmeras cidades pelo Brasil afora, no período estudado, sem passar pelos cronistas locais. Daí a identificação de muitas delas com seus respectivos cronistas: o Rio, de Assis; Bilac ou Lima Barreto, o Recife de Mario Sette, dentre outras.

De saída, uma advertência: a recorrência aos cronistas urbanos implica certo crédito para com a perspectiva da representação, aqui entendida como tentativa de tradução, no tempo presente, de experiências do outro no tempo. Trata-se, por assim dizer, de uma noção de representação que se pauta numa nova perspectiva mimética, haja vista tratar-se de uma mímesis (O demônio da crítica: literatura e senso comum) que, a despeito de não perder de vista o referente da linguagem, não é incompatível com a ideia de criação. Até porque, dotado de cultura histórica peculiar ao seu próprio presente, ele se debruça sobre as fontes disponíveis com perguntas que não estavam na ordem do dia nas gerações anteriores.

O texto de Gervácio Batista Aranha focaliza a crônica como uma espécie de sonda por excelência para a compreensão da vida cotidiana, captada em seus ritmos e em suas ambiguidades, em que nada escapa aos olhos curiosos desse eterno flâneur, o qual percebe desde os populares que circulam nas ruas, becos ou avenidas, a exemplo de mendigos ou prostitutas, até as últimas transformações da paisagem urbana, dentre outros aspectos por ele observados -, para que, a partir dessa matéria-prima, possa transformar, por meio de recursos literários, fatos brutos do cotidiano em temas de leitura agradável.

Comentários

Postagens mais visitadas